Lubango – A produção de peças de artesanato na província da Huíla está a registar uma significativa queda, admitiram hoje, segunda-feira, os artistas plásticos do Lubango, que culpabilizam à fraca resposta do mercado em fornecer matéria-prima.
Em entrevistas separadas à ANGOP, por ocasião do Dia Nacional da Cultura, que hoje se assinala, os fazedores da arte foram unânimes em sublinhar que, por conta da inflação, os artesãos encontram dificuldades em desenvolverem as suas actividades, pois para além de haver uma fraca procura, o mercado também não dispõe de matéria-prima de qualidade.
A artesã, há mais de sete anos, Adelina Mário, disse que produz missangas, chapéus e colares, em pouca quantidade por falta de clientes, aliada à dificuldade de aquisição da matéria-prima, sobretudo acessórios que o país não produz.
O artista plástico, com 15 anos de carreira, Cláver Cruz, considerou que a produção de quadros tornou-se irrisória, porque os compradores nacionais, sobretudo, reclamam dos preços, mas se esquecem que a matéria-prima não é nacional.
Defendeu, igualmente, a necessidade “urgente” da criação de políticas que visam melhorar a compra da matéria-prima, mediante incentivos aduaneiros, para que se contribua mais para a valorização da cultura e da arte, além do desenvolvimento do turismo na região.
Outro artesão com 30 anos de carreira, Pascoal Bándua “Padú”, afirmou que confecciona quadros com imagens de locais turísticos, por formas a expandir, além-fronteiras, a diversidade turísticas e as potencialidades das infra-estruturas classificadas como património, mas vive limitações na produção, devido ao encarecimento dos meios de trabalho.
“A produção das peças, a subida dos preços no mercado informal e formal, tem complicado o nosso trabalho, ainda assim, de forma lenta vamos trabalhando, não no nível que gostaríamos”, disse.
Sobre o assunto, o director do gabinete provincial da cultura, turismo, juventude e desportos, Osvaldo Lunda, reconheceu a insatisfação dos fazedores da arte, mas acredita que as políticas do governo são visíveis para o sector e a qualquer momento, esperando um desagravamento do preço dessas matérias-primas no mercado internacional, assim como investimentos para a sua produção no país.
O dia nacional da cultura, foi instituída tendo como referência o discurso sobre a Cultura Nacional proferido em 1979, pelo primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, durante a tomada de posse do corpo gerente da União dos Escritores Angolano (UEA). JT/MS