Ondjiva -Trinta e três por cento, do universo de 229 mil alunos matriculados no ano lectivo de 2021/2022, na província do Cunene, abandonaram as salas de aula, devido a problemas de fome e seca que afectaram a região.
A informação foi avançada hoje, quarta-feira, à ANGOP, pelo director do gabinete da Educação no Cunene, Domingos de Oliveira, considerando que essa taxa de abandono escolar, no ano transacto, foi bastante elevada.
Por seu turno, adiantou que o número de desistentes oscila entre 33,7 por cento nas comunidades rurais e 24 nas áreas urbanas.
A fraca adesão de alunos às escolas, justificou, resulta sobretudo dos problemas climáticos, que têm reduzido acesso das comunidades a água e alimento, obrigando a mobilidade constante das famílias à procura de meios de sobrevivência.
Domingos de Oliveira esclareceu que, com o problema cíclico da seca, muitas famílias realizam actividades sazonais, com particular realce para a transumância, onde as crianças em idade escolar são obrigadas a acompanhar o gado para áreas de pasto.
Para contrapor a situação, realçou ser fundamental a revisão da política de atribuição de merenda escolar, através de acções viáveis, quer do ponto de vista financeiro e de gestão, que permita uma distribuição mais abrangente e de forma permanente, para atrair os alunos.
“O que poderia ajudar na redução da taxa de abandono escolar é a merenda escolar, mas a média de assistência actual é de três mil crianças atendidas anualmente por município, fruto do valor irrisório disponibilizado“, afirmou.
Fez saber a existência de uma parceria público privada, em fase de ensaios, que vai contemplar três mil crianças do ensino primário dos municípios do Curoca, Cuvelai e Cahama, através da implementação de cozinhas comunitárias.
Relativamente ao aproveitamento escolar do ano em referência, 2021/2022, observou que os resultados indicam uma taxa de desempenho acima dos 60 por cento, contra os 53 por cento do período anterior, 2020/2021.