Lubango - Jovens estudantes da Huíla apelam às autoridades governamentais para a necessidade de instalar núcleos de escolas superiores públicas nos municípios mais distantes da capital da província, o Lubango, para inverter as dificuldades de acesso à academia.
Para eles, a extensão das universidades aos municípios deve ter em conta as especificidades de cada um, pois os primeiros onde se experimentou, os núcleos estão na iminência de fechar porque os cursos não se enquadram nas necessidades locais.
Actualmente a província da Huíla conta com núcleos do Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED-Huíla) na Chibia, Matala, Caluquembe e Caconda, prestes a encerrar por falta de alunos interessados neles.
Valdemar Ananás, um desses jovens, disse que abandonou o município de Caconda, onde residia para fazer o ensino superior no Huambo (a perto de 100 km), devido a maior oferta formativa e estar mais próximo do seu local de trabalho.
“Estamos num regime de trabalhador estudante e não podemos abandonar o local de trabalho para se dedicar apenas à escola, pelo que precisamos estudar mais próximo do emprego, para não o perdermos”, disse.
Sublinhou que para Caconda, o ISCED-Huíla disponibilizou vagas, apenas, para os cursos de Língua Portuguesa e Geografia, limitação que obriga grande parte dos jovens com ensino médio concluído procurar alternativas noutras paragens.
Por sua vez, Abílio Chicanha, do município da Humpata, afirmou que o reduzido número de vagas nas instituições públicas e o custo das propinas nas privadas dificulta o acesso ao ensino superior, pelo que levar a universidade aos municípios seria uma solução.
Na mesma senda, o estudante Marcelino Catimba, do município de Quilengues desafia as instituições existentes na província a abrir núcleos na localidade, dada densidade populacional ávida de formação superior.
O jovem disse que em tempos de aula é obrigado a percorrer 143 quilómetros para a cidade do Lubango, o que acaba por ser oneroso, já que tem de reservar dinheiro para o transporte.
Contactado pela ANGOP, o reitor da Universidade Mandume, Sebastião António, informou que de momento, não há planos para abrir núcleos nos municípios, por falta de condições, desde docentes qualificados e de infra-estruturas próprias.
Segundo o académico, para abrir uma extensão é preciso ter professores para cobrir as actividades lectivas e de investigação, assim como dispor infra-estruturas adequadas direccionadas para o ensino superior, desde laboratórios, para poder complementar a teoria.
"Abrindo extensões nos municípios não estaríamos em condições de fazer a cobertura docente ou a satisfazer as necessidades ligadas à investigação cientifica e teríamos problemas na qualidade dos estudantes", continuou
Sebastião António sublinhou que é uma acção que carece ainda da autorização do Ministério do Ensino Superior, mediante a criação das condições mínimas para o efeito, para não interferir nas qualidade de ensino.
Sobre o assunto, o coordenador dos cursos do Pós-laboral do ISCED-Huíla, Zinga Carlos afirmou que estão a trabalhar na reavaliação das condições de trabalho a nível dos municípios, pelo que de momento estão só com a gestão dos quatro municípios onde tem os seus núcleos.
A Huíla tem a sede da Universidade Mandume ya Ndemufayo (UMN), que este ano académico disponibilizou mais de mil e 885 novas vagas.
Para além desta oferta formativa pública, a província conta ainda com os privados politécnicos Tundavala (ISPT), Gregório Semedo (ISPGS), Independente (ISPI), Evangélico do Lubango (ISPEL) e o de Teologia Evangélica de Lubango (ISTEL).