Investigador científico destaca dimensão cultural do Sona

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  • Lunda Norte • Quarta, 06 Dezembro de 2023 | 11h48
Demostração da arte Sona (ARQUIVO)
Demostração da arte Sona (ARQUIVO)
Helder Dias-ANGOP

Dundo – O investigador científico Jorge Veloso disse esta quarta-feira, que a arte etnomatemática “Sona”, representa a riqueza cultural do conhecimento ancestral do povo Lunda Tchokwe e deve ser transmitida à nova geração, para se evitar a sua extinção.

O docente, que representa a Universidade Pública Lueji A’nkonde, na 18ª sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, que decorre na República do Botswana, fez estas declarações à imprensa, a propósito da elevação do “Sona” à Património Cultural Imaterial da Humanidade.  

Defendeu a necessidade de se resgatar os praticantes da arte e estimula-los para a transmissão do conhecimento aos jovens.

Segundo o docente, com a elevação do Sona estão lançadas as bases para a promoção do turismo cultural na Lunda Norte e outras localidades do Leste do país.

Considera urgente a incorporação do Sona no plano curricular do ensino geral, o que contribuiria na melhoria do ensino da Matemática no país.

Por outro lado, disse que a sua elevação exige das autoridades angolanas, a formulação de políticas e a criação de infra-estruturas para as comunidades de praticantes do Sona, sobretudo os líderes do poder tradicional, “para imortalizar a arte”.

Assegurou que a universidade Lueji A’nkonde assumirá o papel de liderança na salvaguarda do Património, através de estudos científicos contínuos e a sua inclusão no plano curricular.

O processo de inscrição do “Sona” foi conduzido em três etapas, inicialmente com a sua declaração a Património Nacional, depois a dimensão mundial e, por último, com acções para a sua salvaguarda, com o objectivo de se evitar a extinção da prática nas comunidades.

Entre as medidas levadas a cabo pelas autoridades angolanas, figuram trabalhos relacionados com estudos que reconhecem a geometria Sona, como importante recurso pedagógico e científico.

O "Sona" é o segundo património Mundial da Humanidade inscrito por Angola, depois de em 2017,  a UNESCO ter declarado o centro histórico da cidade de Mbanza Congo, norte de Angola.

Mbanza Congo, foi a capital do estado mais poderoso da região austral de África, influenciando económica e politicamente muitos outros Estados vizinhos na altura.

A arte "Sona" tornar-se no segundo Património Cultural Imaterial da Humanidade relacionado com a Matemática, tendo em conta que o único até então pertencia à China.  

A décima oitava sessão do Comité Intergovernamental para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO, que decorre até domingo, em Kasane, República do Botswana, examinará as candidaturas para o registo de 55 novos elementos apresentadas por 72 Estados membros.

“Sona”

Sonas, que significa escrita na areia, era uma forma de comunicação dos ancestrais da região leste do país, predominada pelo povo Tchokwe, que escreviam mensagens por gravuras em paredes de casas, árvores e no chão (areia) nas aldeias, para serem decifradas pelos demais membros da comunidade.

Estas gravuras (Sona), de difícil entendimento, encontram-se, actualmente, no Museu Dundo, e num livro que aborda a cultura bantu e já foi retratada na longa-metragem “Os deuses da água”, numa co-produção entre a Argentina e Angola, em 2013.

Pesquisas feitas recentemente indicam a existência, na altura da gravação da longa-metragem, de apenas um ancião, funcionário do Museu do Dundo, que ainda praticava o Sona e que foi um dos actores locais do filme.

Actualmente, existem mais de 10 obras científicas, publicadas em várias partes do mundo, a retratar o Sona e nenhuma em Angola.HD





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