Benguela – A maioria das escolas públicas e privadas no município de Benguela registou, esta quarta-feira, elevado grau de absentismo de alunos no primeiro dia de aulas do II trimestre do ano lectivo 2023-2024, apurou a ANGOP.
Numa ronda efectuada em algumas escolas, constatou-se salas de aulas vazias na maioria das escolas do ensino geral da cidade de Benguela e arredores, o que contrasta com uma presença massiva de professores preparados para as aulas, após a pausa pedagógica da quadra festiva.
Ao contrário do centro da cidade de Benguela, onde o movimento de alunos uniformizados de batas brancas e mochilas às costas foi mais notável, já os estabelecimentos de ensino nos vários bairros da periferia estavam às moscas por conta da ausência generalizada de estudantes.
Em declarações à ANGOP, o chefe de Secção de Inspecção da Direcção Municipal de Educação em Benguela, Gaudêncio Mateus Félix, estima que menos de 30 por cento dos milhares de alunos matriculados no ano lectivo 2023-2024 retomou as aulas.
Ainda acrescentou que a comparência dos professores esteve acima dos 97 por cento em boa parte das escolas, fruto das orientações da Direcção de Educação sobre a necessidade da retoma das aulas no dia 3 de Janeiro de 2024, conforme o Calendário Escolar Nacional vigente.
Para o inspector municipal da Educação, o facto de o reinício das aulas coincidir com o meio da semana laboral pode ter influenciado na ausência dos alunos, bem como algum desleixo dos pais e encarregados de educação.
Gaudêncio Mateus Félix admite que esse absentismo no primeiro dia de aulas do segundo trimestre surpreendeu os inspectores que visitaram as escolas nas seis zonas do município de Benguela.
Aliás, referiu ter havido uma grande mobilização junto das escolas e dos pais e encarregados de educação para o regresso dos alunos às aulas na data indicada, o que não aconteceu como previsto.
Por essa razão, apelou aos pais e encarregados de educação do município de Benguela a levarem os filhos à escola nos próximos dias, evitando que lhes sejam marcadas faltas desnecessárias.
De igual modo, garante estarem acauteladas as condições didáctico-pedagógicas da parte das direcções de escolas, nomeadamente a planificação dos conteúdos das várias disciplinas e classes para esta fase inicial do segundo trimestre.
Agora, a expectativa, apontou, é a de trabalhar mais para que o nível de aproveitamento escolar seja melhor que no primeiro trimestre e, por conseguinte, do ano lectivo 2022-23 no município sede da província.
Escolas “apanhadas de surpresa”
Esta quarta-feira, o elevado absentismo de alunos desde o ensino primário ao I e II ciclos do secundário apanhou de surpresa muitas escolas na cidade de Benguela, principalmente aquelas habituadas a uma grande adesão da comunidade estudantil em circunstâncias como esta.
Uma delas é o Complexo Escolar BG 1348 Luís Gomes Sambo, no centro da cidade de Benguela, onde o retorno dos alunos também ficou longe das expectativas, segundo a directora da instituição, Terezinha Ernesto.
Diferentemente do dia 4 de Setembro de 2023, aquando do arranque do ano lectivo 2023-2024, onde a comparência de alunos atingiu cerca de 99 por cento, desta vez a escola Luís Gomes Sambo deparou-se com um absentismo à volta dos 60 por cento.
Daí a gestora escolar lamentar a ausência dos alunos, com particular realce para o período da manhã, e responsabiliza os pais e encarregados de educação pela triste situação verificada logo no primeiro dia de aulas.
A também doutora (PhD) em Ciências da Educação entende que o arranque das aulas a meio da semana não pode ser motivo para essa ausência, pelo que aconselha os pais a deixarem o velho espírito de “deixa-andar”, sob pena de prejudicar o ritmo de aprendizagem e o crescimento afectivo das crianças.
Contando ser a primeira vez que esta escola passa por uma situação do género, Terezinha Ernesto alerta os pais sobre a importância do primeiro dia de aulas, pois é o momento onde se traçam as metas e as regras de convivência em sala de aulas e onde professores e alunos interagem à vontade.
Optimista em atingir boas notas no segundo trimestre, Bernardo Pequenino, aluno da oitava classe no Complexo Escolar BG 1348 Luís Gomes Sambo, reprova a atitude dos colegas que faltaram ao primeiro dia de aulas e, assim, perderam a interacção e as informações passadas pelos professores.
Bernardo Pequenino considera que o primeiro trimestre foi difícil, mas promete dedicar-se mais para alcançar os seus resultados que passam em transitar para a nona classe.
O município de Benguela conta com uma rede escolar constituída de 87 escolas públicas, 27 comparticipadas e 40 privadas desde o ensino primário até ao segundo ciclo do ensino secundário, tuteladas pela Repartição Municipal de Educação. JH/CRB
