Cuito - O presidente do Instituto Superior Politécnico Ndunduma (ISPN), da província do Bié, António Eduardo, defendeu, na cidade do Cuito, a criação de pólos para a dinamização da formação de pós-graduação no país.
O responsável reagia à ANGOP sobre a anulação, por parte do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI), da publicação do edital para aceitação de candidaturas ao programa de envio anual de 300 licenciados e mestres para as melhores universidades do Mundo, referente ao ano 2024.
De acordo com o documento do MESCTI, datado de 20 de Março de 2024, o departamento ministerial do ensino superior no país anulou a publicação do edital, por razões de ordem financeira.
Face a esta situação, António Eduardo entende ser o momento do Estado pensar na dinamização deste tipo de formação a nível do país, com a criação de pólos, com vista a mitigar a falta de quadros deste nível nas mais variadas áreas do conhecimento.
Na sua visão, os custos com o envio de estudantes para o exterior podem comprometer a sustentabilidade do programa, daí ser imperioso que se opte pela formação local, aproveitando os doutores que existem, através de uma selecção criteriosa, para o efeito.
Ao invés de se mandar 300 estudantes, anualmente, que são bastantes onerosos, sustentou o também mestre e doutorando em direitos humanos, seria melhor mandar apenas 50 ou 100 e com o dinheiro da diferença se fizesse investimento interno.
Desta forma, continuou, iria se garantir a continuidade do programa, para aqueles que reúnem qualificação para tal.
Ainda na opinião do responsável, a aposta na formação de pós-graduação no país é o caminho a seguir para o desenvolvimento do ensino superior em Angola, embora entenda que se continue a enviar quadros para o exterior, em casos excepcionais, cuja qualidade exige outras realidades.
Questionado sobre a importância da qualificação diferenciada do corpo docente do ensino superior, o igualmente advogado de profissão considerou necessária e fundamental para sustentar o funcionamento com qualidade das instituições.
Quanto mais competências investigativas o corpo docente possuir, a qualidade de ensino melhora em termos de conhecimento a transmitir, acrescentou.
António Eduardo abordou ainda sobre a realidade do ensino em Angola, sobretudo quanto aos requisitos exigidos em termos de competências dos docentes.
Na sua visão, a realidade contrasta às exigências do ministério, havendo muitas instituições funcionando com maior percentagem de professores com grau de licenciados, por conta da pouca oferta formativa pós-graduada no país.
Deu como exemplo a província do Bié, que, neste momento, não dispõe de nenhum curso deste nível.
“Isto significa que as pessoas para terem acesso a este tipo de formação têm de percorrer longas distâncias, sobretudo sair do país e nem sempre existem condições para o efeito”, devido aos altos preços cobrados”, destacou.
Por esta razão, advogou maior prudência por parte do Estado na tomada de decisões sobre a necessidade das instituições de ensino conformarem os requisitos às disposições legais, apelando, por outro lado, mais investimento no sector.
“Legislar pode ser a tarefa mais fácil, mas a execução e a aplicação da lei é a mais complexa. Não se pode olhar apenas para o incumprimento das unidades orgânicas, mas como se pode intervir para se contrapor a realidade actual das instituições públicas e privadas, uma vez que forma quadros para o país”, referiu.
O Instituto Superior Politécnico Ndunduma (ISPN) é uma das três instituições de carácter privada que funciona na província do Bié. Existem ainda duas públicas. Juntas absorvem cerca de dez mil estudantes.VKY/PLB