Andulo - A população do município do Andulo, na província do Bié, voltou a solicitar, esta quinta-feira, a implementação de turmas do ensino superior, por formas a travar a fuga de quadros da localidade para outros pontos do país.
O apelo foi lançado à ANGOP, durante as celebrações do 4 de Abril, Dia da Paz e Reconciliação Nacional, cuja vila acolheu o acto provincial, marcado por um culto ecuménico.
No entender de Benito Sachicumbo, aluno da 12ª classe, é incerto o seu destino logo que terminar a formação média.
O jovem disse não ter condições para dar continuidade à formação em outro lugar.
Estudante do magistério primário do Andulo, disse que prefere ingressar primeiro numa faculdade, no curso de pedagogia, para aumentar o nível de conhecimento e só depois pensa em concorrer para função pública.
Porém, sente-se já ameaçado por falta mesmo de uma instituição de ensino superior no município, que cresce a cada dia.
Por isso, apelou à conjugação de esforços entre o governo local e os empresários do sector no sentido de velarem pela carência, que por conta disso já perdeu vários amigos, que resolveram abandonar a localidade em busca da formação superior.
Outra jovem Maria Henrique Canganjo, que está a terminar a 13ª classe no Instituto Técnico Agrário (ITA), destacou a necessidade do governo olhar por esta problemática, que está a motivar as pessoas a sair do município, uma vez que depois de formados ou mesmo no decurso da formação encontraram outras oportunidades em outros pontos.
Já Befilia Ngueve Amos, aluna da 13ª classe na comuna de Chivaúlo, também teme pelo seu futuro, pois pretende seguir o curso de direito e já pensa em se mudar para a cidade do Cuito em busca deste sonho.
Por sua vez, o enfermeiro João Pedro disse que até agora vê-se impedido de continuar os estudos em enfermagem, tudo porque não pensa abandonar o trabalho.
Por este facto, vê o seu sonho frustrado, pois, se deixar de trabalhar não terá como sustentar a família nem mesmo assegurar os estudos no Cuito ou em outra localidade.
Funcionam no Andulo quatro instituições de ensino médio, nomeadamente o Liceu 4 de Fevereiro, Magistério Primário, Instituto Técnico Agrário (ITA) e o Instituto Técnico de Saúde (ITA).
Segundo o director municipal da educação no Andulo, Guilherme Luís Tango, estas escolas colocam anualmente no mercado mais de 400 finalistas, em que na sua maioria deixam o município para dar continuidade à formação.
Neste momento, Guilherme Luís Tango disse que tem o registo de mais de cem professores que todos os dias fazem o sacrifício e se deslocam até à capital da província, em busca da formação superior.
Abordada pela ANGOP, a administradora municipal do Andulo, Celeste Elavoco David Adolfo, disse que é interesse do governo da província criar uma extensão com as duas escolas superiores públicas.
Disse que estão a ser criadas as condições para o efeito, entretanto, convidou a classe empresarial do ramo a juntar-se aos esforços do governo e adiantarem-se neste processo.
A província do Bié, com perto de dois milhões de habitantes, dispõe de cinco instituições do ensino superior, sendo duas públicas e três privadas, que juntas absorvem cerca de dez mil estudantes.
Em 22 anos de paz Andulo com nova imagem
Situado a 130 quilómetros a norte da cidade do Cuito, o município do Andulo é dos que mais ficou destruído durante o conflito pós eleitoral de 1992.
Com quatro comunas, nomeadamente Calussinga, Chivaulo, Cassumbi e sede, o Andulo desponta agora uma imagem que agrada os seus munícipes e a quem o visita.
Para a deputada do MPLA Maricel Marinho Capama, que prestigiou o culto ecuménico que marcou o acto provincial do 4 de Abril, o Andulo caminha a passos largos para o desenvolvimento, com o surgimento de infra-estruturas modernas.
A liberdade que se vive, disse a parlamentar, garante uma confiança aos munícipes se comparado com o passado.
Por isso, o governo suportado pelo seu partido vai continuar a fazer deste município um lugar melhor para se viver.
Já o secretário municipal da UNITA no Andulo, Angélico Filipe Fetoyeto, defendeu mais abertura ao diálogo, para que todos possam contribuir com ideias no desenvolvimento do Andulo e da província do Bié no geral.
Entretanto, o presidente da Comissão Ecuménica do Andulo, padre Luís Paquissi, disse que a paz que vive deve ser traduzida exclusivamente para o bem-estar dos cidadãos.
Sublinhou que a população deste município e não só, merece tudo que há de bom pelo facto de ser uma das mais sofrida durante todo o conflito armado.
Desta feita, o prelado apelou à preservação deste bem, de modo a traduzi-la numa paz mais social.LB/PLB