Rectrospectiva2023: Angosat-2 já serve o país

     Economia              
  • Luanda • Sexta, 29 Dezembro de 2023 | 11h42
Satélite Angolano Angosat-2(Foto ilustração)
Satélite Angolano Angosat-2(Foto ilustração)
Cedida

Luanda – A disponibilização de serviços de telecomunicações a mais de 150 localidades recônditas do país, no âmbito do Angosat-2, constituiu um dos marcos de destaque no sector das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, em 2023.

Por Amélia de Sousa, jornalista da ANGOP  

O satélite, lançado em Baikanour, Cazaquistão, em 12 de Outubro de 2022, cobre todo o continente africano, parte significativa do Sul da Europa e quase a totalidade da região Sul de África, constituindo-se numa boa fonte de receitas para o país.  

A autorização para a exploração comercial do novo satélite angolano, que substituiu o Angosat-1, fracassado no ano de 2017, foi dada pelo Presidente da República, João Lourenço, através do Despacho Presidencial n.º 11/23, de 23 de Janeiro.   

Após mais de seis meses de testes de funcionamento e de serviços, o satélite angolano encontra-se em fase comercial e está a ser utilizado para a prestação de serviços de telecomunicações aos operadores nacionais, assim como a empresas de outros sectores da economia nacional, como os sectores dos petróleos e dos diamantes.  

O satélite vai permitir que as operadoras nacionais de telecomunicações e o Governo beneficiem de capacidades de largura de banda, com custos baseados em moeda nacional, para melhor gerir os investimentos e ajustá-los à realidade do usuário final.  

O Angosat-2, cujos serviços estão a ser distribuídos em várias comunas e municípios, vai incrementar os negócios em regiões totalmente desconectadas e contribuir para a diminuição da exclusão digital em Angola e no continente africano.  

As receitas do Angosat-2 vão reverter a favor do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (50%) e do Tesouro Nacional (40%). Os restantes 10% reverterão a favor do Fundo de Apoio Social dos trabalhadores do ramo das Comunicações.  

Com vida útil de 15 anos, o Angosat-2, lançado pelo foguete "Proton-M", é um dos projectos do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional, órgão afecto ao Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social.  

Conforme dados oficiais, os serviços do Angosat-2 beneficiam 16 das 18 províncias do país, onde foram instalados mais de 150 terminais “Very Small Aperture Terminal” (VSAT), pequenas antenas provedoras de serviços de internet. 

Esses actos visam, de acordo com os propósitos do Governo, reduzir, cada vez mais, as assimetrias e promover a inclusão digital entre os cidadãos. 

Nesse quadro, o Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social criou os projectos Conecta Angola e as plataformas “TECH-Gest”, “TECH-Agro”, “TECH-Ecologia” e a “TECH-Minas” como exemplos mais evidentes dos benefícios do satélite angolano. 

O Conecta Angola é uma das ferramentas que funciona, através do Angosat-2, para levar os serviços de internet em duas comunas do país, designadamente Belo Horizonte (Bié) e Canzar (Lunda Norte), além de beneficiar a província de Luanda. 

A Tech-minas é uma solução tecnológica que faz recurso a imagens de satélites e drones para monitorar a construção de infra-estruturas, como estradas, habitações entre outras.  

Esta ferramenta consta do Top 100 dos melhores projectos do mundo da inteligência artificial, estando alinhado com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). 

A Tech-Agro está disponível para o monitoramento e mapeamento das áreas de cultivo, identificação automática do tipo de cultivo e estimativa da produtividade da colheita. 

Na mesma senda, a Tech-Ecologia serve para o monitoramento de derrames de petróleo, combate à desertificação e restauração de áreas degradadas, enquanto a TECH-Minas permite localizar minerais com precisão, gerar alertas, monitorar a actividade das indústrias, entre outras funções. 

O Governo criou ainda dois pontos de acesso gratuito à internet, “em banda larga”, instalados no município de Saurimo, província da Lunda Sul, no âmbito do programa “Angola Online”, do Instituto Nacional de Fomento da Sociedade da Informação (INFOSI).  

Trata-se dos pontos instalados no jardim cívico, junto ao Governo Provincial da Lunda Sul, e no Jardim 28 de Maio.  

O projecto, uma iniciativa do INFOSI, organismo público tutelado pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, visa promover o desenvolvimento da sociedade da informação em Angola.  

O projecto, que já instalou 135 pontos gratuitos de internet a nível de todo país, com previsão de cobrir os 164 municípios, tem como objectivo a massificação e inclusão digital da população da região no acesso à internet grátis.  

O projecto "Angola Online” tem a capacidade de actuação, num raio de 400 metros de distância, e tem limites de usuário de 300 pessoas dia.  

Angola recepciona Cabo Submarino 2 África   

O ano que finda ficou ainda marcado pela chegada do Cabo Submarino 2 África, proveniente de Londres, que aterrou na orla marítima do município de Cacuaco, em Luanda, para girar o continente africano, antes de regressar em Londres em Abril de 2024, para entrar em funcionamento.  

A 2 África é um consórcio com a Vodafone, WIOCC, China Mobile International, MTN, Orange, Telecom Egypt, STC e a Meta (Facebook), projectado para fornecer conectividade internacional contínua, para aproximadamente 3 biliões de pessoas, representando 36% da população global, e conectando África, Europa e Ásia.  

O Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTICS), através do Instituto Nacional de Fomento da Sociedade de Informação (INFOSI), passou a contar com um novo serviço de registo de domínio.ao para facilitar a identificação de empresas e organizações no espaço cibernético.  

Trata-se, especificamente, de uma plataforma digital aonde as empresas nacionais podem registar-se e vender produtos, que vai ajudar a melhorar a segurança desses bens.

Angola melhora conectividade com a África do Sul   

A conectividade das telecomunicações entre Angola e África do Sul passou para um acesso de alta velocidade, com a nova rota de fibra terrestre, que liga Luanda (Angola), e Joanesburgo (África do Sul).  

A nova rota de fibra óptica, que atravessa Angola, República Democrática do Congo (RDC), Zimbabwe, Zâmbia e África do Sul, é resultado de uma parceria entre um grupo tecnológico pan-africano, conhecido por "Liquid Intelligent Technologies (Liquid Dataport), e a Angola Telecom, o principal operador de rede fixa em Angola.  

Outro acontecimento que marcou a agenda do sector das Telecomunicações e Tecnologias de Informação foi a Semana Mundial do Espaço, evento em que o

ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, sublinhou que o país registou aproximadamente 500 mil interacções nas redes sociais e no portal do Gabinete de Gestão do programa Espacial Nacional.

De igual modo, disse, foram registados mais de cinco milhões de cidadãos, através dos meios de comunicação social convencional. 

No país, foram instalados 184 sites de comunicação via satélite da rede de telecomunicações administrativas do Estado, em todos os municípios. 

Por meio da capacidade do Angosat-2 está a ser possível levar gradualmente comunicações às zonas mais recônditas do país, no âmbito do projecto Conecta Angola. 

Com o conjunto de projectos em implementação, o número de subscritores de telefonia móvel saiu de 14 milhões em 2020 para 24 milhões em 2023 e o número de usuários de internet cresceu nos últimos três anos, de 6 milhões para 10 milhões. 

O investimento na formação de quadros angolanos no sector tem sido permanente, pelo que são os jovens angolanos os responsáveis por este crescimento. 

Angola, Zâmbia e RDC conectadas via fibra óptica 

Angola, Zâmbia e República Democrática do Congo (RDC) estão conectadas, a partir deste ano, via fibra óptica, no quadro do acto de transferência da gestão do Corredor do Lobito, por 30 anos, ao consórcio gestor. 

A inauguração da ligação aconteceu em Julho deste ano na cidade do Lobito, Benguela, por vídeo chamada, numa conexão feita pelo ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira. 

Na ocasião, o ministro, numa breve conversa, interagiu com os seus homólogos da Zâmbia e da RD Congo.   

O acto inaugural foi testemunhado pelos Chefes de Estado angolano, João Lourenço, da Zâmbia, Hakainde Hichilema, e da RD Congo, Félix Tshisekedi, que estiveram na cidade do Lobito a testemunhar a transferência da concessão dos serviços ferroviários e de logística de suporte ao Corredor do Lobito ao consórcio Lobito Atlantic Railway. 

A ligação em fibra terrestre com a RDC é assegurada pelas operadoras Angola Telecom e a Liquid DRC, através de dois circuitos ponto-a-ponto, interligando Luanda e Kinshasa, numa extensão de 1.150 quilómetros com a capacidade de 40Gbps, e por Luanda a Cabinda (via do município do Nóqui - província do Zaire), permitindo o acesso aos serviços de voz e dados a usuários nacionais e estrangeiros. 

O plano de expansão da rede de fibra óptica terrestre prevê atingir canais ópticos de até 100Gbps cada um. 

Já a ligação entre Angola e a Zâmbia é assegurada pelas operadoras Unitel e a MTN, numa ligação ponto-a-ponto com a fronteira da Zâmbia, na zona de Karipande (Moxico) até a estação PoP da empresa Angola Cables em Luanda, com uma extensão de aproximadamente 2.000 KM. 

A rede é um sistema DWDM com canais óptico (OCh) de 10Gbps. 

A concretização dessas ligações constitui um momento histórico para os três países, em especial para a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), por permitir que os países com fronteiras com a Zâmbia e a RDC tenham acesso regular aos serviços de comunicações e de electrónica por via de Angola.  ASS/AC 



Tags


+