Luanda - A quota de gás associado está na ordem dos 77,9 milhões de metros cúbicos/dia nas unidades de processamento de petróleo, uma produção que mantém Angola como segundo maior produtor de gás natural na África subsariana, depois da Nigéria.
De acordo com a publicação da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), a que ANGOP teve acesso, o referido gás associado ao petróleo é usado e aproveitado na ordem dos 95% nas operações de reinjecção.
O remanescente, de acordo com a publicação, que não aponta números, é processado e serve para produção de gás natural liquefeito, gás petróleo líquido e combustível para energia eléctrica.
“ Angola subscreve o conceito que o gás natural é uma fonte mais limpa, eficiente e económica, com vantagens de emitir menos gás de efeito de estufa, quando comparado aos combustíveis tradicionais, como carvão mineral, petróleo e seus derivados, com realce para gasolina e o gasóleo gás”, descreve a publicação.
Para a ANGP, o gás natural tornou-se um produto mais importante, não só pela sua rentabilidade como fonte energética, mas também como matéria-prima para o sector petroquímico.
A partir do gás natural é possível produzir amoníaco, metanol, oleofinas, aromáticos, além de ser uma fonte de transição energética para melhor protecção do ambiente.
Fitch Solutions prevê queda de 3,7%
A consultora Fitch Solutions estima que a produção de petróleo na África subsaariana irá cair 3,7% este ano, arrastada pela queda da Nigéria, mas antevê um “futuro mais brilhante” para o gás da região.
Numa análise sobre a produção de petróleo e gás na região, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Fitch Solutions, escreve que, apesar das dificuldades actuais, “o início da produção em vários novos mercados vai ajudar a manter um crescimento positivo a médio prazo, mas ainda assim com dificuldades para regressar aos níveis anteriores à pandemia”.
A perspectiva de evolução da produção de gás mostra, afirmam, “um futuro mais brilhante, com a produção a aumentar fortemente, durante esta década, apoiada pelo desenvolvimento de grandes recursos gasistas descobertos na África ocidental e oriental”.
A Fitch Solutions estima que o PIB da África subsaariana cresça 3,2% este ano, impulsionado “pelos elevados preços do petróleo, que apoiam os exportadores da região, e pela recuperação da actividade económica”.
Enquanto isso, a Nigéria deverá sofrer uma queda de 9,1% na produção petrolífera este ano, de acordo com a consultora.
Para Angola, a consultora prevê o crescimento positivo que deverá ajudar a acomodar a queda geral na produção regional, já que as actividades de prospecção que estão a começar por parte de várias companhias internacionais vão impulsionar a produção em 3,5% .
Acrescenta que Angola recupera, assim, do forte declínio de 9,2% em 2021, notando ainda que os preços e a retirada dos limites à produção por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) vão ajudar Angola ainda mais a aumentar a produção.
Sobre a produção de gás, deverá aumentar de 85,9 mil milhões de metros cúbicos para 150,6 mil milhões de metros cúbicos em 2031, com Moçambique, Nigéria, Mauritânia e Senegal a liderarem o aumento da produção.
“O maior sector de investimento na África subsaariana durante os próximos anos será a expansão da capacidade de exportação do gás natural líquido”, diz a Fitch Solutions.
A Eni deverá começar a produzir ainda este ano no projecto Coral FLNG, a TotalEnergies, em 2026, conseguirá lançar a produção e a ExxonMobil deverá tomar a decisão final de investimento, em 2023, com início de produção previsto para 2027, conclui a consultora.