Lubango - Pelo menos 871 cabeças de gado bovino morreram, em 2023, por diversas doenças preveníveis com vacinas, num ano em que não se realizou a campanha, devido a questões logísticas.
O problema agravado pela recusa de muitos criadores em levar os animais às mangas de vacinação, por questões culturais, pois muitos desconfiam dos efeitos colaterais.
O gado em causa morreu em mais de dois mil casos de doenças registadas no período, com destaque para a peripneumonia contagiosa bovina (PPCB), carbúnculos sintomático e hemático, (BQ e ATX), sarna bovina (GM-B), dermatite nodular contagiosa (LSD) e dermatofitose (DPH).
Os casos registaram-se maioritariamente nos municípios dos Gambos, Chibia, Humpata, Lubango, Matala, Jamba, Quipungo, Quilengues, Cacula, Caconda e Caluquembe.
Ao falar do assunto à ANGOP, o chefe do departamento dos serviços do Instituto dos Serviços de Veterinária da Huíla, José Chicomo, sem avançar dados comparativos, disse tratar-se de números “preocupantes” de animais a morrerem por falta de vacina, acrescentando que as estatísticas podem ser até piores, pois muita informação não é catalogada.
A Huíla, segundo a fonte, tem um efectivo animal estimado de um milhão 243 mil e 73, dos quais 121 mil 405 estiveram em risco.
O maneio sanitário, conforme o entrevistado, é uma preocupação que poderia ser colmatada com a regularização das campanhas de vacinação, pois o ideal seria vacinar todos os anos, mas às vezes é feita de forma intermitente e, por conta disso, perde-se o gado.
Lembrou que a última vacinação foi em 2022 e retomou apenas este ano, onde foram apenas vacinadas 284 mil 228 cabeças (22,86%), embora haja vacina suficiente, por alegações culturais, os criadores recusam-se a vacinar, pois sugerem que a vacina, com a falta de pasto pode matar os animais.
Exemplificou que só no primeiro semestre do ano em curso o Departamento já registou mais de 72 mil animais em risco, mais de dois mil casos de doenças e ainda 500 mortes.
Diante da situação, reforçou que a campanha que teve a duração de 30 dias e decorreu de Maio a Junho do ano em curso, não esgotou as reservas de vacinas, que estão acondicionadas nas câmaras para a próxima época.
Acrescentou que mesmo depois de a campanha estar encerrada os criadores interessados devem solicitar, pois a vacina é gratuita, terão apenas de custear a logística e a deslocação dos técnicos, nas suas zonas para poderem fazer o processo.
Serviços com carência de mais de 300 técnicos
O chefe de departamento afirmou terem 36 técnicos que fazem o trabalho de inspecção do animal abatido e para as questões de vacinação, dos quais 22 são administrativos e os restantes respondem pelos 14 municípios.
Assinalou que há a necessidade de 360 técnicos, pois cada município devia ter técnicos que tratam da vacinação, do trânsito animal, da Inspecção e da fiscalização.
Fez saber que o departamento dispõe de 10 viaturas, desde 2012, das quais quatro operacionais e outras obsoletas, colocadas nos municípios do Lubango, Gambos, Chibia e Matala e os restantes municípios têm apenas um técnico na sede.
José Chicomo explicou que municípios sem meios quando há problemas comunicam o departamento e este, por sua vez, movimenta a viatura ou a administração municipal apoia o técnico para poder fazer o trabalho. EM/MS