Humpata - Cerca de 315.5 hectares, de 800 destinados à agricultura empresarial, no Perímetro Irrigado da Humpata, na Huíla, estão sem exploração devido a degradação do canal de irrigação.
O perímetro, o único na província da Huíla, ainda sob gestão do Ministério da Agricultura, começou a ser construído em 1967 e teve uma reabilitação, numa das partes da estrutura em 1992.
Fixada numa área bruta de 1.620 hectares, dos quais 1.540 são agricultáveis, o seu canal é abastecido pela Barragem das Neves, com sete milhões de metros cúbicos água, uma capacidade que actualmente está fixada nos cinco milhões e 800 mil metros quadrados, devido ao assoeranento da abufeira.
No perímetro, actualmente, trabalham a terra 13 empresas responsáveis pela produção em 485.5 hectares, assim como 1.400 camponeses que ocupam mais de 900 hectares.
Em declarações hoje, terça-feira, à Angop, o director do perímetro, Yoso Luís, afirmou que alguns investidores querem fazer uma “agricultura por correspondência”, orientando os trabalhadores a partir de Luanda ou Benguela, sem conhecerem a realidade no terreno, factor que faz com que tenham os solos subaproveitados.
Com o crescimento demográfico, disse, a água que era destinada apenas para o perímetro passou a ser consumida em grande parte por camponeses que habitam no trajecto do canal, impedindo que os concessionários tenham o líquido em quantidade.
Conforme o gestor, há parcelas abandonadas há mais de 24 anos e administração assumiu o compromisso de inverter esse quadro, pelo que em vez de terem 90 a 95 concessionários, sem garantia de produção, optaram por trabalhar com dez a 15 empresas ou cooperativas, mas que garantam a produção.
Uma outra solução, de acordo com o gestor, passa por fazer-se um redimensionamento nas comportas existentes, como ao longo do troço de maior consumo de água, não no sentido de privar a água às pessoas, mas a fim de criar um canal paralelo ao já existente.
Avançou que a partir desse canal, as pessoas têm acesso a água, num número de cinco a 10 pessoas por cada comporta, para permitir que se evite um maior desperdício.
Conforme o responsável, as parcelas no perímetro estão divididas em lotes que variam dos 2.5 (mínimo) a 30 (máximo) hectares, embora existam casos de empresários ou agricultores que têm mais de um lote aproveitados de uma vez.
Modalidades de contrato de espaço
No que se refere aos procedimentos para ter um espaço no perímetro, Yoso Luís afirmou que os requerentes devem fazer uma solicitação por escrito, anexando o seu projecto à administração do perímetro.
Frisou que se paga uma taxa na ordem dos 250 mil kwanzas por hectare, o requerente assina um termo de compromisso que diz que se durante um período máximo de um ano não trabalhar, a direcção do perímetro reavê o espaço.
Culturas Predominantes
A nível de culturas produzidas, está a produção de laranja, que varia entre mil a toneladas no mínimo anual, numa propriedade de 20 hectares, em casos de pico de produção podem ter mais de dez mil toneladas em citrinos.
Há ainda uma produção considerável de manga, uva, batata rena e milho, fixando-se na ordem das mais de cinco mil toneladas por ano.
Dificuldades
A principal dificuldade actual do perímetro é o estado de degradação do canal, devido ao problema no troço intermédio do canal, que vem se arrastando desde 2016. Mais de 200 famílias, de um total de mil e 400 existentes, localizados no troço médio e do a jusante do canal estão privados de água.
Informou que diligências estão a ser feitas junto do governo da Huíla, do ministério de tutela e com a participação da administração da Humpata para conterem os taludes, para se evitar que o canal desabe e aumente o nível de investimento.
"Estamos a falar de um troço do canal que teve um colapso ou que desabou desde 2016. Com a ajuda dos camponeses fizemos trabalhos paliativos, mas as fortes chuvas provocou o desabamento do canal. Estamos a trabalhar na contenção e esperamos tenhamos uma solução definitiva", acrescentou.
A província da Huíla, para além do perímetro irrigado da Humpata, possui, igualmente, em funcionamento dois perímetros irrigados sob gestão privada, nomeadamente, o da Matala com uma área de 11 mil hectares e o das Gangelas (Chibia), com 1200 hectares.