Luena – A Fazenda Sacassanje, instalada a 15 quilómetros do Luena (Moxico), enfrenta dificuldades financeiras para aumentar a sua capacidade produtiva, vivendo de abates de bovinos para manter-se parcialmente operacional.
Privatizada pelo Estado angolano, em 2018, ao grupo Gappil, no âmbito do Programa de Privatizações (PROPRIV), a fazenda, que custou mais de 40 milhões de dólares, foi construída num espaço de sete mil hectares e inaugurada em 2012.
Ao falar à ANGOP, esta quinta-feira, no Luena, durante uma visita de uma delegação de Adidos Militares de seis países acreditados em Angola ao local, o gestor da infra-estrutura, Gil da Silva, disse que o nível de produção da fazenda continua longe das expectativas, face as dificuldades financeiras que enfrenta.
Devido a falta de investimento financeiro, segundo fez saber, algumas áreas da fazenda sobrevivem graças a prestação de serviços de abates de bovinos a particulares, valores que servem, principalmente, para pagar os trabalhadores do empreendimento.
Segundo o gestor, a produção é assegurada por uma força de trabalho composta por 18 trabalhadores, maioritariamente efectivos de segurança da fazenda.
Gil da Silva disse que a força de trabalho registou uma redução na ordem de 66 por cento, passando de 520, entre efectivos e colaboradores, em 2015, para os actuais 18, maioritariamente efectivos de segurança da fazenda.
Comparativamente aos primeiros anos de sua funcionalidade, disse que a fazenda teve momentos altos da sua produção entre 2012/2015, altura atingiu 85 por cento da sua capacidade produtiva, na altura, sob gestão de uma empresa israelita.
De acordo com o responsável, actualmente, o nível de produção é muito baixo, sendo que das 100 estufas de 250 metros quadrados, apenas em 14 foram plantadas produtos de hortaliças, com maior destaque para o cultivo de tomate e repolho.
Disse que a presente época agrícola a fazenda conta, pela primeira vez, com 15 hectares de milho, bem como 12 hectares de mandioca.
A ANGOP apurou que para a reactivação de alguns sectores como o da avicultura e caprinocultura, a fazenda necessita de um investimento superior a 700 milhões de kwanzas, para suportar o custo da aquisição dos animais e a importação dos insumos e as respectivas vitaminas.
A solicitação do referido montante financeiro na banca tem sido condicionada pelo facto da fazenda ainda não possuir documentação, com destaque para o título de concessão de terra, diploma que o Estado não terá concedido ao Grupo Gappil, aquando da privatização.
Por ocasião da privatização da fazenda, a empresa recebeu do Estado, apenas, o contrato de cedência, entretanto, documento que não legitima a propriedade e consequentemente a solicitação de crédito bancário.