Benguela – Duzentas e vinte e cinco toneladas de cebola começaram a ser colhidas na última semana de Dezembro de 2023, na fazenda Indu-Agri, localizada na comuna do Dombe Grande, município da Baía Farta, província de Benguela, soube esta quinta-feira a ANGOP.
De acordo com o sócio-gerente da referida fazenda, António Noé, começaram a colher também 84 toneladas de milho, culturas produzidas num universo de 21 hectares e que marcam o fim do ano agrícola 2022/2023 naquela superfície.
António Noé deu a conhecer que os referidos produtos terão como destino os mercados de Benguela e Lobito, considerados os maiores consumidores da província.
O empresário informou que o milho está a ser comercializado no valor de 300 kwanzas o quilo, enquanto o saco de cebola (20 kg) está no valor de 30 mil Kz, respectivamente.
Disse, por outro lado, que foram investidos três milhões de kwanzas por hectare, cujos resultados estão em sintonia com o que foi projectado.
O fazendeiro referiu que trabalha com capital próprio, o que torna a sua situação delicada, devido aos riscos e à burocracia encontrada na banca.
Na mesma senda, realçou que nunca beneficiou de apoios do sector da Agricultura, como acontece noutras zonas.
Questionado sobre o financiamento bancário, o empresário garantiu que já solicitou várias vezes financiamento junto do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), mas nunca teve sucesso.
António Noé informou que necessita de um financiamento de 500 milhões de kwanzas para investir em 50 hectares.
Segundo o empresário, este valor vai permitir a compra de meios como tractor, carrinhas para apoiar no escoamento dos produtos, motobombas, sistema de irrigação, estufas, sementeiras, debulhadoras, entre outros meios agrícolas.
“A morosidade registada na banca desestimula a produção agrícola. Os agricultores, muitas vezes, são obrigados a recorrer a particulares ou cidadãos estrangeiros, com destaque para os congoleses democráticos, que servem como alternativa na cedência de crédito aos produtores”, lamentou.
Outra questã que espera ver melhorada é o preço dos fertilizantes e de outros insumos agrícolas, que ainda considera de bastante caros, situação que se reflecte nos preços finais dos produtos.
Energia eléctrica vai estimular produção
A possível interligação da comuna do Dombe Grande ao sistema eléctrico nacional vai estimular o aumento da produção agrícola, pois, serão reduzidos os custos de produção, defendeu António Noé.
“Eu gasto em média 20 mil litros de combustível por ano, maioritariamente em diesel, mas também em gasolina, para poder colocar a funcionar todo o processo de captação de água a partir do rio Coporolo (4,5 km), armazenamento, irrigação, assim como outras áreas da fazenda. Ao preço actual do combustível, tem sido bastante oneroso”, desabafou.
Com a chegada da energia à comuna, não só os produtores como, fundamentalmente, os mais de 20 mil habitantes do Dombe Grande, terão inúmeros benefícios.
“Caso essa possibilidade se concretize, advogou, o Dombe-Grande será o maior pólo agro-industrial da província de Benguela, olhando pela experiência e tecnologia que está a ser usada pelos produtores”, enfatizou.
O empresário disse acreditar, com a situação da energia resolvida, na redução dos preços dos produtos do campo.
Na mesma senda, é de opinião que a fábrica de transformação de tomate do Dombe Grande será mais viável e acessível aos produtores locais, com a energia da rede pública.
A fazenda Indu-Agri, com uma área de 50 hectares, conta com 170 trabalhadores, entre directos e eventuais. Durante o ano agrícola 2022/23 foram colhidas cerca de duas mil e 500 toneladas de produtos diversos, com realce para 1.200 toneladas de tomate e igual número de cebola, respectivamente. CRB