Ngolome – A destruição, por incêndio, do Centro de Formação e Processamento de Pescado do Ngolome levou os pescadores na localidade a readoptar técnicas antigas de tratamento do peixe, consideradas prejudiciais para saúde humana.
O Centro, inaugurado em 2015, permitia a conservação e tratamento do pescado com técnicas modernas, como a defumação, escalagem e venda de um produto com qualidade.
O centro fornecia aos pescadores gelo e malas frigórificas para a conservação do peixe ou o pescado era conservado em câmaras frigorificas para ser tratado no dia seguinte.
Com a destruição do centro,em Março deste ano, em consequência de um incêndio de grandes proporções, o peixe voltou a ser conservado em sequeiros rudimentares e preparado em locais impróprios .
Estas práticas, segundo os pescadores, são prejudiciais para a conservação do peixe e tratamento para o consumo.
O Ngolome, tinha também uma componente da formação técnico profissional, em artes e ofícios, para os jovens, que além da pesca, se dedicavam à serralharia, electricidade, decoração, entre outras.
Nunes Pedro Buanda, de 72 anos de idade, 29 dos quais a exercer a actividade pesqueira na lagoa do Ngolome, considerou que os pescadores mantêm a esperança na reedificação da infra-estrutura, lamentando que acabou com o sonho de produção de pescado de qualidade e oferta de postos de trabalho.
O projecto de construção do Ngolome contou com o investimento do Ministério angolano das Pescas e Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), com o objectivo de contribuir para o desenvolvimento da comunidade.
Até ao momento se desconhece as causas do incêndio.
Manuel André, da cooperativa de pescadores Akweto, com 15 anos de existência, explicou que com o desaparecimento do centro do Ngolome, os pescadores receiam pela suspensão de outros projectos, inicialmente previstos, como a instalação de uma linha de energia eléctrica na localidade .
"Desde o momento que aconteceu o incêndio, perdemos a esperança no desenvolvimento desta comunidade, embora esperamos que o executivo volte a edificar a infra- estrutura.
Durante o funcionamento do centro, indicou, já havia um produto diferenciado no mercado, mas agora voltamos a ter uma qualidade menos boa, conservada em sequeiros rudimentares e outras práticas nocivas .
Outra preocupação tem a ver com o numero de jovens que ficaram no desemprego, representando uma ameaça para a comunidade, face à tendência crescente de consumo de bebidas alcoólicas e possível a adopção de comportamentos desviantes.
A comunidade do Ngolome, congrega actualmente perto de 300 pescadores, que se fazem à lagoa apoiados por 150 embarcações, números que tende a crescer com o surgimento da época de pesca massiva, de Junho a Outubro.
A comuna do Ngolome, município de Cambambe, dista a 35 quilómetros da estrada nacional 230. MF/IMA