Ndatando – Os municípes da cidade de Ndalatando, província do Cuanza-Norte, manifestaram a sua indignação contra a "falta de qualidade" e o preço alto do pão comercializado localmente, levando muitas famílias a desistir do seu consumo.
Numa ronda efectuada sexta-feira última às principais padarias da cidade, a ANGOP constatou que o pão de 70 gramas está a ser comerciliazado a 60 kwanzas, o de 140 gramas a 120 kwanzas e o de 210 gramas a 180 kwanzas.
De acordo com alguns munícipes, o pão comercializado actualmente, em Ndalatando, "está mais caro e sem qualidade", sendo caracterizado por ser "muito leve e oco".
Para Joaquim António, as padarias estão mais preocupadas com o lucro e, por este facto, usam excesso de fermento na fabricação do pão.
“Agora que a qualidade piorou, o preço disparou, imagine um pão a 60 kwanzas”, lamentou.
O ancião José Domingos informou que deixou de consumir este alimento, porque, além do preço, não apresenta condições para o consumo humano .
Para José Domingos, o que o povo está a consumir "não é pão e não alimenta".
Contou ter-se deslocado a Luanda onde notou que o pão nesta província "ainda tem alguma qualidade".
Por seu turno, Catarina Capusso disse que a sua família deixou de comer o pão, porque "não tem qualidade", apesar da alta do seu preço.
Além da qualidade do produto, os cidadãos queixam-se também da falta de higiene nas padarias onde a água utilizada na preparação do pão é muitas vezes retirada de cacimbas, sem condições de conservação.
Por isso, os munícipes solicitaram ao Governo Provincial que incremente a fiscalização nas padarias para aferir da qualidade e do preço do pão, porque consideram haver "um certo aproveitamento dos comerciantes".
Na sua reacção, algumas planificadores justificaram o preço do pão praticado actualmente pelo aumento do valor da farinha de trigo e do fermento.
De acordo com os planificadores, ao custo de fabrico do pão acrescenta-se também os gastos com o transporte e combustível.
Neste momento, precisaram, o preço de um saco de 50 quilogramas de farinha de trigo passou de 16.900, em 2023, para 34 mil e 500, este ano, enquanto o pacote de fermento que custava 15 mil kwanazsa passou para 37.500.
O presidente da Associação de Panificadores e Pasteleiros de Angola, Gilberto Simão, pediu recentemente ao Governo que estude as causas do aumento do preço do pão.
Gilberto Simão lançou o seu apelo num debate radiofónico sobre a matéria, com a participação de outros actores como o presidente da Associação Industrial de Angola, José Severino, e o produtor de trigo Afei Vinevala.
Na ocasião, José Severeino sugeriu o aumento da produção de trigo no país e a criação de mais moageiras, enquanto Afeu Vinevala defendeu mais investimentos na produção local, usando parte do valor gasto na importação para incentivar os agricultores nacionais.
Para Afeu Vinevala, o aumento da produção local vai alavancar a economia nacional e fomentar a criação de empregos. IMA