Ndalatando – Pelo menos 30 elefantes da flaresta foram abatidos por caçadores furtivos, no período de 2019 a 2022, nas províncias do Cuanza Norte, Bengo, Malanje e Cabinda, contribuindo assim para a redução da população animal.
O abate dos mamíferos é motivado pela ganância ao enriquecimento fácil, através da venda do marfim e da carne, informou, em Ndalatando, a técnica da Fundação Kissama, Juelma dos Santos.
Referiu que muitos dos implicados nessas acções foram responsabilizados criminalmente.
A técnica falava à imprensa no termo de um workshop sobre o estado actual dos elefantes em Angola, realizado a propósito do Dia Mundial dos Elefantes, que se assinalou no sábado, 12 de Agosto.
Salientou que esse número pode ser maior pelo facto dos caçadores furtivos actuarem nas profundezas das florestas, onde a informação não chega às autoridades.
Informou que a Fundação Kissama desenvolve, desde 2019, um projecto de conservação do elefante da floresta nas províncias do Cuanza Norte, Bengo, Malanje e Cabinda, visando mitigar o conflito entre o animal e comunidades residentes.
O projecto consiste em aconselhar as comunidades próximas das rotas dos animais para adopção de medidas para afugentá-los, como a criação de colmeias e instalação de aparelhos sonoros.
São ainda sensibilizados no sentido de evitarem cultivar em zonas próximas das rotas dos animais, assim como à colocação de placas de sinalização ao longo das principais zonas onde circulam os animais, sobretudo na estrada nacional 230, nas localidades entre Maria Teresa e Golungo Alto, para evitar acidentes.
Juelma dos Santos explicou que além de mitigar conflitos entre o homem e o animal, o projecto visa, igualmente, contribuir para a conservação dos elefantes da floresta de Angola, melhorar o seu conhecimento científico e promover medidas para a sua protecção.
A bióloga referiu que no âmbito da protecção do animal, a Fundação Kissama tem capturado alguns elefantes para colocação de coleiras de GPS para a monitorização do comportamento e trajectória das manadas, instalação de câmaras ocultas para filmar e fotografar os elefantes.
Apontou a caça furtiva, a destruição do habitat dos animais, expansão da actividade agrícola, desflorestação e as queimadas, como as principais ameaças às manadas.
Os elefantes são os maiores mamíferos terrestres do mundo, podem pesar até sete toneladas e atingir quatro metros de altura.
Desempenham um importante papel nos ecossistemas africanos. São herbívoros, extremamente inteligentes e com uma estrutura social complexa.
Existem três espécies de elefantes no mundo: uma asiática (Elephas maximus) e duas africanas, o elefante da floresta (Loxodonta cyclotis) e o elefante da savana (Loxodonta africana).
As duas espécies africanas estão geralmente associadas a distintos biomas e Angola é um dos poucos países que possui as duas espécies.
Actualmente, os principais núcleos dos mamíferos da floresta no país encontram-se nas províncias do Cuanza Norte, Bengo e Cabinda, ao passo que a espécie da savana encontra-se nas províncias do Cuando Cubango e da Huíla.
O Dia Mundial do Elefante comemora-se anualmente a 12 de Agosto para chamar a atenção sobre a necessidade da preservação desses animais em todo o mundo.
Estima-se que a cada quinze minutos morre um elefante em África, envenenado ou baleado, pelo seu marfim e pela sua carne. EFM/DS/CRB