Malanje- A Coordenadora de Mobilização de Recursos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Paola Valle, defendeu hoje, o envolvimento das comunidades, na gestão sustentável dos recursos naturais, através da eliminação de práticas ofensivas ao ambiente.
Esse apelo surge em função das tendências de desrespeito ao meio ambiente, que vêm ocorrendo nos últimos tempos no mundo, fruto da globalização.
A responsável defendeu essa posição, quando intervinha na abertura do I Encontro Regional de Recolha de Subsídios, para a proposta de gestão sustentável dos fogos, a ser submetida ao Fundo Verde do Clima (FVC), para financiamento.
Realçou que a juventude deve assumir-se como principal actor neste processo, dada a capacidade de influência e de liderança que detêm nas suas comunidades.
Para além da defesa do ambiente, acrescentou, esta medida visa fazer com que os jovens encarem a biodiversidade como uma oportunidade para o seu desenvolvimento, por meio de negócios sustentáveis, tendentes a redução das queimadas e outras práticas prejudiciais à natureza.
Paola Valle precisou que a proposta de gestão sustentável dos fogos, iniciado em Abril deste ano, vai até Abril de 2022 e visa promover soluções baseadas em conhecimentos locais, razão pela qual é imperioso a participação das próprias comunidades na gestão dos recursos naturais.
Disse que o projecto é inovador e transformador no capítulo das alterações climáticas, baseado sobretudo no conhecimento tradicional, que possa contribuir na redução de emissões de gases do feito estufa, por meio de medidas de adaptação da população afectada pelas queimadas e incêndios florestais.
Por outro lado, reiterou a aposta da FAO no contínuo acompanhamento técnico dos desafios ambientais e climáticos de Angola, visando promover a gestão sustentável dos seus recursos florestais.
Na ocasião, o vice-governador de Malanje para o Sector Técnico e Infra-estruturas, Angelino Quissonde, reiterou a necessidade de adopção de práticas sustentáveis que concorrem para a redução das queimadas e consequentemente preservação da biodiversidade.
Alertou que as queimadas têm resultado em perda gradual da fertilidade dos solos e aceleração do surgimento de ravinas, lembrando que o custo médio para a contenção de cada erosão pode rondar um milhão de dólares norte-americanos.
O encontro de recolha de subsídios para a proposta de gestão sustentável dos fogos é uma promoção da FAO, em parceria com o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, e visa engajar as partes interessadas e representantes das comunidades em matérias de preservação ambiental.
Com duração de três dias, o evento tem ainda por objectivo aprofundar as análises do projecto de gestão sustentável de fogos e a sua conformidade com os critérios de investimentos do Fundo Verde do Clima (FVC), e conta com participação de técnicos dos sectores da Agricultura, Juventude, Desportos, Economia, Cultura, Turismo e Ambiente das províncias de Malanje, Lunda Norte e Lunda Sul.
O Fundo Verde do Clima é o maior instrumento de financiamento de projectos de mitigação e adaptações climáticas do mundo, criado em 2016.
Nesta altura, a FAO tem 15 projectos aprovados pelo Fundo Verde do Clima, três dos quais em África, avaliados em 930 milhões de dólares.