Benguela – Um bilião de árvores poderão ser plantadas, nos próximos anos, no país, para o reforço das acções de mitigação das alterações climáticas, sobretudo a seca e desertificação, anunciou o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente.
Em discurso proferido no II Conselho Consultivo do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, que decorre em Benguela, Filipe Zau assegura que o plano preconizado pelas autoridades angolanas prevê, de igual forma, a plantação de um milhão de mangais.
“Já há legislação adequada para a protecção das nossas florestas, para que as novas gerações possam cuidar melhor da utilização dos seus recursos naturais que são fonte do seu próprio desenvolvimento”, disse, alertando que o deserto do Namibe avança, neste momento, a passos a largos para a província de Benguela, daí a necessidade do reflorestamento das áreas afectadas.
Ainda referiu que o regime de seca no Sul do país levou o Executivo a construir o canal do Cafu, no Cunene, com 160 quilómetros de extensão, para beneficiar uma população calculada em 235 mil habitantes, 250 mil cabeças de gado de gado e a irrigação de 15 mil hectares de terras.
Acrescentou que o referido canal garante igualmente três mil e 275 empregos directos.
O titular do pelouro da Cultura, Turismo e Ambiente ressaltou que, para fazer face às alterações climáticas, esta é a primeira de quatro obras de engenharia que devem marcar o antes e o depois dos trágicos acontecimentos da seca no Sul do país.
Se no passado, a preocupação estava voltada para os impactos do crescimento económico, hoje, o foco são os impactos resultantes da crise ecológica, principalmente a degradação dos solos, de recursos hídricos, oceanos, mares, rios, lagoas, florestas, da atmosfera e da qualidade do ar que respiramos, de acordo com o ministro.
“No passado mais recente, fomos obrigados a fazer face ao aumento da interdependência económica entre as nações”, afirmou, sublinhando que agora existe a necessidade de cuidar da interdependência ecológica entre países e povos.
A seu ver, chegou o momento de procurar as soluções ambientais contra as mudanças climáticas e “aprendermos a acompanhá-la e geri-la, porque se não formos nós angolanos a aprendermos a resolver os nossos próprios problemas, de certeza que não serão os outros a fazer isto por nós”.
Noutra vertente, lembrou que a Cimeira do Milénio chegou à conclusão de que ainda no início deste século mil milhões de pessoas não teriam acesso à água potável que, assim como o saneamento básico, representam dois aspectos fundamentais determinantes para a qualidade de vida.
Em África, diz, já se fazem sentir os efeitos das alterações climáticas, nomeadamente na irregularidade das chuvas, associadas à fragilidade dos ecossistemas, pouca produtividade dos solos são, sendo que a acção do homem veio agravar substancialmente o actual cenário ambiental.
Também falou do âmbito cultural das queimadas e a desflorestação, quer para fins agrícolas, quer para obtenção de madeira para combustível ou para construção que colocam os solos desprotegidos da vegetação, ficando à mercê da erosão provocada pelas chuvas.
É neste âmbito que o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente enquadrou o plano que visa plantar um bilião de árvores no país, como uma resposta das autoridades às mudanças climáticas.
Na opinião de ambientalistas, a plantação de árvores em todo o mundo poderia reduzir o dióxido de carbono na atmosfera, a ponto de anular uma década de emissões humanas. Os pesquisadores consideram que as árvores são as armas mais poderosas no combate às mudanças climáticas.
Os participantes ao certame abordaram quinta-feira “Os desafios da classificação e da gestão dos bens culturais”, “ Estratégia de implementação das indústrias culturais e criativas" e "A rede museológica nacional: estratégias para a melhoria dos seus serviços”.
O encontro termina esta sexta-feira, no centro de conferências Dom Armando Amaral dos Santos, arredores da cidade de Benguela.