Ondjiva – Os campos com plantação de massango, na comuna de Môngua, Cunene, estão a ser afectados por uma praga ainda desconhecida, desde o início deste mês de Abril, afirmou, nesta segunda-feira, o administrador do Cuanhama Nicolau Mweshipewa.
A praga, de acordo com Nicolau Mweshipewa, está a afectar apenas o massango, os grãos, deixando de parte o caule e as folhas, uma situação que está a causar prejuízos enormes à produção e à colheita das famílias na região.
"Nunca vimos um tipo de larva que só destrói grãos", afirmou o responsável, lamentando a situação das famílias afectadas que já antevêem dificuldades alimentares nos próximos dias.
Face à situação, foi realizado um encontro com as autoridades tradicionais e coordenadores das aldeias, para a avaliação da mesma.
"Pela explicação que passaram, tudo indica que 90 por cento das lavras estão afectadas e, caso não se intervier o mais rápido possível, dentro de duas semanas, a fome vai repetir-se”, alertou.
Explicou que a praga invade os campos agrícolas no período nocturno, mas a população está a tentar eliminá-la por via de buracos e a recolher com bacias, porém, por serem grandes quantidades, não tem surtido efeito desejado.
Fez saber que a preocupação já foi reportada à Administração Municipal do Cuanhama, para, junto do Gabinete Provincial da Agricultura, mobilizar condições para neutralizar a praga que está a causar desconfortos às comunidades.
Nicolau Mweshipewa sublinhou que o surgimento da praga na província que já enfrentou um período de seca poderá comprometer a esperança das poucas colheitas das famílias camponesas.
Na mesma senda, o director do Gabinete da Agricultura no Cunene, Pedro Tibério, disse que ainda hoje já se deslocou uma equipa de técnicos àquela comuna, onde vão trabalhar para averiguar o tipo de praga e os danos causados até ao momento.
Nas comunas do Mocupe e Humbe, município de Ombadja, várias lavras familiares estão, desde o dia 7 deste mês, a beneficiar de pulverização de insecticida, com vista a combater a praga de insectos (Acanthoplus Discoidalis), que afecta as culturas de massango e massambala.
A praga do Acanthoplus Discoidalis instalou-se há mais de 20 anos na província do Cunene e, anualmente, tem devastado as culturas de cereais, sobretudo nas lavras familiares.
Em 2021, a província do Cunene foi assolada por uma praga de gafanhotos que chegou a afectar 566 lavras de cultura de massango, massambala e milho nalgumas localidades dos municípios de Namacunde, Cuanhama e Ombadja.
Ainda no mesmo ano, a produção de tomate nas margens do rio Cunene, no município de Ombadja, ficou comprometida devido a uma praga denominada ‘Vira cabeça do tomate’.
No Cunene, existe ainda uma praga de insectos denominada ‘Mosca branca’, que afecta, desde Julho de 2021, as plantas frutíferas de manga, laranja, limão, nos bairros da cidade de Ondjiva.
Os insectos desenvolvem-se nas páginas inferiores das folhas, picando-as e depois de a seiva ser elaborada, passa através das lesões provocadas pelos insectos, brotando pelo chão.
Esta seiva é doce e acaba por atrair outros insectos que se formam em fumagina que mancha as folhas em espécie de fumo, impedindo que fotossíntese se desenvolva convenientemente para a alimentação da própria planta.
O massango é um cereal de Angola, que tem também o nome de mexoeira em Moçambique, milhete ou milho-miúdo no Brasil e painço em Portugal. No país, serve, para além de fabrico de bebidas espirituosas, para a alimentação humana como funge de massango e ainda como comida de passarinhos, principalmente canários e periquitos.