Dondo - As novas normas pesqueiras do projecto de Pesca Artesanal e Aquicultura estão a promover o aumento do nível de captura de pescado na região da Cazanga , município de Cambambe, província do Cuanza Norte.
De acordo com o coordenador da Cooperatica de Pescadores da Lagoa de Cazanga (Cambambe), José António Kuelela, estas normas contribuem positivamente na quantidade e qualidade do pescado.
Os pescadores, continuou, apresentam no mercado um produto de qualidade aceitável para o consumo humano.
José António Kuelela, que reagia a constantes reclamações da escassez de pescado no município, informou que antes da implementação do projecto, também havia falta de peixe em Cazanga e o nível de captura era baixo, variava entre 120 a 130 peixes por turnos de pesca. Hoje, assinalou, subiu para 350 a 400 peixes por turno.
Geralmente, explicou, os pescadores pescam em três turnos por dia.
Entre as novas normas pesqueiras introduzidas pelo projecto, constam a criação de Conselhos Comunitários de Pescas (CCP), a promoção da higiene nos recintos de desembarque, a construção de jangos dos pescadores e o uso de redes com malhas não inferior a 37, 5 polegadas.
Abarca também a abstenção do uso de instrumentos sonoros no interior da lagoa, assim como o processamento do pescado em defumação ou escalagem, com práticas actualizadas.
Defendeu que a difusão destas normas em todas as comunidades piscatórias da região, onde se regista escassez de pescado, por uso de técnicas e métodos antigos de pesca.
Entre os métodos antigos está o Muduco (uso de instrumentos sonoros em cercos para captura do pescado), uma prática proibida, que se assemelha ao engenho explosivo para a pesca, cujos efeitos são devastadores, sobretudo, a longo prazo, porque destrói o substrato e o local onde os peixes desovam.
Por esta prática, os pescadores constantemente se insurgem contra os fiscais, o que já resultou em agressões físicas e a distruição do Observatório de Pesca no Ngolome (Cambambe).
Desenvolvido na lagoa de Cazanga, ponto focal, o projecto de Pesca Artesanal e Aquicultura incluiu a construção de infra- estruturas sociais de apoio à pesca artesanal, como latrinas comunitárias, atribuição de instrumentos de pescas e a promoção da alfabetização.
O projecto beneficia 75 pescadores e igual número de mulheres processadoras de pescado.
Orçado em 12 milhões de dólares, o projecto teve o financiado do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e contemplou as províncias do Cuanza Norte, Malanje, Bengo e Luanda.
Nas quatro províncias, beneficiou 15 mil 250 famílias, segundo dados do projecto, cuja implementação terminou oficialmente em Março do ano em curso. MF/IMA/AC