Ondjiva – A criação de pequenas hortas comunitárias irrigadas, por via de furos artesianos e represas, nos últimos dois anos, está a transformar a vida das famílias camponesas no município do Curoca, província do Cunene.
Fruto desse engajamento, o sector da agricultura controla 10 cooperativas e 50 produtores individuais, no Curica, que conta com o agrupamento de mil e 357 famílias, cujos principais produtos cultivados são a batata-doce, melancia, abóbora, milho e hortaliças (tomate, cebola, couve e repolho).
Para além do consumo local, a produção do Curoca também serve os mercados de Ondjiva, Lubango e Cahama, que receberam 50 toneladas de tomate, 20 de cebola e 15 de melancia, no período em análise, segundo o administrador municipal, Manuel Taby.
Em declarações à ANGOP, esta terça-feira, à margem da Expo – Cunene/2024, a fonte disse que a produção é realizada em parcelas que variam de cinco a 200 hectares, devido às características topográficas do terreno acidentado.
Referiu que, após longos anos privados de cultivo, por escassez de chuvas, actualmente centenas de famílias estão viradas à produção agrícola de forma irrigada.
De acordo com o administrador, a iniciativa, focada ao reforço da resiliência e produção agrícola familiar de forma sustentável, está a ser implementada com apoio de parceiros, visando a melhoria da situação nutricional das famílias antes afectadas pela fome.
Precisou que a implementação de hortas comunitárias irrigadas no município é uma inovação, cuja experiência está a transformar a vida das comunidades, que até a pouco tempo viviam grandes problemas de fome resultante da seca, mas de forma paulatina está a ser multiplicada para inclusão de mais famílias no sistema produtivo.
Domingos Taby disse que a intenção é reverter o quadro do Curoca como município mais pobre de Angola, mediante a dinamização da produção, apesar do sobrelevo das terras não permitir que se faça agricultura em grande escala, sobretudo mecanizada.
“O importante é que a agricultura familiar está a dar bons resultados, estes produtos expostos foram cultivados pelas cooperativas e grupos familiares que se organizaram ao longo do rio Cunene e nas represas existentes na circunscrição”, sustentou.
Acrescentou que, no âmbito das acções de combate a seca, o município beneficiou de nove represas de retenção de água nas áreas de Waru, Kanuno, Maine, Erola, Elavolimwe, entre outras que para além de garantir água para as populações e o gado, também está permitir a prática da agricultura irrigada.
Para além da agricultura, argumentou que o Curoca é o município do futuro que dispõe de potencialidades económicas no domínio mineiro e da diversidade turística que carecem de ser explorados, para que os seus habitantes deixem de sobreviver e reverter o quadro de pedintes.
Apontou as dificuldades das vias de comunicação como um dos empecilhos do desenvolvimento do município, sublinhando que desde o tempo colonial “não existe estradas asfaltadas”, mas sim picadas com trabalhos paliativos para garantir maior fluidez de trânsito.
O município do Curoca, 333 quilómetros de Ondjiva, capital da província do Cunene, conta com uma população estimada em 48 mil e 40 habitantes, divididos em duas comunas, nomeadamente Oncócua e Chitado. FI/LHE/QCB