Menongue - Setecentas e treze pessoas foram capacitadas, no Cuando Cubango, em sete meses, sobre técnicas de combate à praga de gafanhotos, fenómeno natural que afectou cinco províncias na campanha agrícola 2020/2021.
Trata-se de membros de famílias camponesas, e técnicos das administrações municipais do Cuando Cubango, Namibe, Huíla, Cunene e Benguela.
A formação decorreu em duas fases, sendo a primeira de Março a Maio de 2021, e a segunda de Outubro de 2021 a Janeiro de 2022, promovida pela organização não-governamental MBAKITA, com sede em Menongue, num financiamento do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) de 75 mil dólares para as cinco províncias.
Nestas regiões, a praga de gafanhotos afectou mais de 9 mil famílias e 72 mil e 766 hectares de terras, sendo que no Cuando Cubango os municípios prejudicados foram Calai, Cuangar, Mavinga, Dirico e Rivungo, tendo sido notória a destruição de diversas plantações, com destaque para as culturas de milho, massango e massambala.
A informação foi avançada esta quarta-feira, em Menongue, capital do Cuando Cubango, pelo director geral da Missão de Beneficência Agropecuária do Kubango, Inclusão, Tecnologia e Ambiente (MBAKITA), Pascoal Baptistiny Sávio Samba, referindo que os técnicos agrícolas são de comunidades de 15 municípios que apreenderam sobre o uso de abordagens não químicas para se evitar que os gafanhotos destruam as plantações nas próximas campanhas.
De acordo com o responsável, que apresentava os resultados de 15 seminários realizados durante os sete meses nas províncias referenciadas, a finalidade é salvaguardar a segurança alimentar e nutricional, assim como os meios de subsistências de pessoas vulneráveis em áreas afectadas pela praga.
O Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), junto do Ministério da Agricultura e Pescas, está a coordenar as formações a nível nacional e comunitário, para a monitorização eficaz dos gafanhotos, através de acções de vigilância, mapeamento e relatórios, orientando-se assim as operações de controlo.
Esses técnicos de extensão agrícola e as comunidades foram formados para o uso de abordagens/técnicas inovadoras não químicas (por exemplo trincheiras), para evitar que os insectos alcancem as lavras e destruam as culturas. Foram, igualmente, treinados sobre o uso de um aplicativo móvel, que serve para monitorizar a praga de gafanhotos.
De referir que, no sudeste de Angola, primeiramente no Cuando Cubango, desde Março de 2021, a elevada precipitação e a vegetação abundante proporcionaram condições favoráveis para reprodução e multiplicação dos gafanhotos e o seu alastramento para as províncias do Cunene, Namibe, Huíla e Benguela.
Os gafanhotos são uma série de ameaça à agricultura, porquanto atacam todos os tipos de culturas e plantas, levando assim à insegurança alimentar junto das famílias camponesas, principalmente.
