Chibia – A falta capital humano com conhecimento para integrar a ciência e a tecnologia compromete o processo de desenvolvimento sustentável da agricultura e pecuária em Angola, considerou, no município da Chibia, na Huíla, o director-geral da empresa Jardins da Yoba, João Saraiva.
O empresário que falava durante o Dia de Campo do grupo, afirmou que foram feitos investimentos dentro dos recursos públicos e privados nos últimos anos, mas os projectos não andaram e continuam a criar-se infra-estruturas agrícolas e pecuárias que não têm impacto na economia.
Com isso, declarou que alguma coisa está a falhar, certamente não é a falta de recursos, empresários ou empreendedores, mas do capital humano. Não há conhecimento, nem integração tecnológica e sem isso não se consegue ter projectos sustentáveis e competitivos.
Declarou que quando arrancaram com o projecto dos Jardins da Yoba, a primeira coisa que fizeram foi ter com a academia e verificar o capital que tinham de estudantes para poder fazer estágios e concluírem os trabalhos de fim de curso e o projecto caminha bem.
Manifestou que a ideia é que a Huíla assuma o seu papel como a capital do conhecimento, pois têm as condições especiais de integração do capital humano e desenvolvimento tecnológico, essencial no desenvolvimento de programas estratégicos.
Entre as condições da província apontou um instituto médio agrário de referência nacional (Tchivinguiro), instituições de ensino público e privado a leccionar cursos de engenharia em agricultura e pecuária, estações de investigação agrária, de zootécnica e o instituto de investigação veterinária com laboratório de vacina.
Têm ainda, segundo a fonte, uma forte cooperação entre o sector público e privado, no desenvolvimento de investigação para o sector das sementes entre os Jardins da Yoba e o Instituto de Investigação Agronómica, assim como um forte engajamento da classe empresarial e do sector público.
Destacou que quando o Executivo tem como prioridade os Planos nacionais de fomento à produção como o PLANAGRÃO, PLANAPECUÁRIA e o PLANAPESCA, é um sinal da aposta no aumento da produção local, com o desafio de alcançar a auto-suficiência alimentar no país.
João Saraiva salientou que em Angola é ocupando apenas cinco milhões de hectares, num potencial de 35 milhões disponíveis e contam com o Brasil para ajudar, para além da resiliência dos agricultores locais no processo.
O Dia de Campo da empresa Jardins da Yoba decorreu sob o lema “Conhecimento e Sustentabilidade” e teve como foco traduzir as exigências do sector, estabelecendo um roteiro prático para fornecer soluções para apoiar uma agricultura.
Durante o dia foram feitas demonstração da nova colheita de milho, da preparação da terra, respeitando a sustentabilidade do solo, visitas aos campos de multiplicação de sementes, de sementes híbridas, campos de ensaios de milho, massango, arroz e trigo, assim como a preparação da terra para a cultura da batata rena.
O dia serviu para aula prática dos formandos do workshop sobre melhoramento genético de plantas, introdução à estruturação de programas de selecção, melhoria das culturas de milho, soja, trigo e arroz.
Foram debatidos no evento três painéis ligados à província da Huíla no desenvolvimento do capital científico e tecnológico para o desenvolvimento do PLANAGRÃO, a agricultura digital e energias renováveis. Perspectivas, desafios e soluções, assim como a academia, agricultura e melhoramento genético. EM/MS