Ondjiva – Os camponeses do município do Curoca, província do Cunene, solicitaram, nesta quinta-feira, apoio do Executivo em termos de equipamento agrícola, para aposta no sector.
Com o drama actual da fome e da seca cíclica que a região enfrenta, os camponeses querem meios de trabalho para produzirem junto às margens do rio Cunene.
Para tal apontaram a localidade de Monte Negro, 55 quilómetros da sede do município, como área com potencial hídrico e terra fértil para prática da agricultura, onde as famílias em tempo de lavoura podem se deslocar.
Em declaração à Angop, o soba da comunidade de Waru, Kambolimbo Tchikundi, disse que os apoios em termos alimentares são bem-vindos, mas a população é vasta e a comida não serão suficientes para atender permanentemente as comunidades.
Para reverter o quadro actual, disse ser necessário a aquisição de tractores, equipamentos de irrigação e sementes, para que as famílias possam produzir seus alimentos.
Para o soba, a agricultura constitui um dos principais eixos para garantir a segurança alimentar das populações, razão pela qual é importante que se junte sinergias públicas e privadas para combater a fome e à pobreza na circunscrição.
Já o rei da comunidade mundimba, Kalume Wehavena, disse que com a falta de chuva e solos pedregulhosos, as famílias se deslocam aos cursos de água em regime intermitente para actividades de lavoura.
Assegurou que existem ao longo do rio Cunene condições favoráveis para produção de cereais, leguminosas e tubérculos, mas com enxadas e catanas o desenvolvimento da agricultura fica limitado.
Por seu turno, o soba grande do município do Curoca, Joaquim Muthila, disse que a problemática da seca no município é cíclica e o combate a fome passa pela resiliência da população em desenvolver a agricultura em zonas favoráveis.
Para tal, pediu o auxílio do governo na atribuição de equipamentos de trabalho como tractores, motobombas, mangueira e semente para permitir que estas comunidades possam produzir algo para comer.
Pensamos que as nossas comunidades organizadas em associação ou cooperativas devem redobrar a actividade produtiva, aproveitando o curso do rio Cunene, com vista a produzir alimentos para o seu auto- sustento e rendimento das suas famílias.
No quadro do programa de combate à pobreza, a administração está a adquirir máquinas de lavoura, alfaias e charruas, para fomentar a agricultura, segundo o administrador do município, Mbambi dos Santos.
Justificou que o desenvolvimento agrícola na região depende em grande medida pela construção de uma conduta de água, a partir do rio Cunene, na localidade de Monte Negro ao Oncóncua.
O município tem uma superfície de sete mil 998 quilómetros quadrados e está dividido em duas comunas e 25 aldeias.
Possui cerca de 56 mil habitantes, destes 48 mil estão afectadas pela fome, em consequência da seca.
Curoca é dos municípios mais pobres de Angola, com uma incidência de pobreza de 98 por cento, em todas as dimensões.