Ndalatando – A alta de preços dos principais insumos agrícolas, como fertilizantes e sementes, bem como a escassez de máquinas para preparar a terra, semear e colher produtos diversos estão a dificultar a expansão de áreas de cultivo e, consequentemente, a inibir o aumento da produção de alguns fazendeiros da província do Cuanza Norte.
Ssegundo o proprietário da fazenda Garcia & Filhos, Garcia António, que já beneficiou de crédito agrícola, no quadro de alguns programas do Governo angolano, nesta altura, a sua empresa precisa de um reforço para a aquisição de mais máquinas, porque o trabalho manual é muito oneroso e cansativo.
O fazendeiro, que produz numa área de 50 hectares, apontou que precisa de máquinas para colheita, limpeza e separação dos grãos, para agregar valor aos produtos.
Na campanha anterior, disse que a fazenda produziu perto de seis toneladas de milho e duas de feijão, mas teve pouco rendimento, porque o trabalho de recolha é todo manual, sem possibilidades de limpar e seleccionar o produto.
De acordo com Garcia António, o milho foi comercializado a uma fábrica de ração a um preço abaixo do real valor, porque a fazenda também carece de meios de transporte, de um sistema de rega e de energia eléctrica.
Referiu que a falta de energia eléctrica tem aumentado as despesas da fazenda para aquisição de combustível para motobombas.
Localizada no município do Lucala, a fazenda Garcia & Filhos produz hortícolas, frutas, legumes e leguminosas. Na presente campanha agrícola, perspectiva alargar a área de cultivo para 75 hectares, com vista a produzir o milho (30 hectares) e feijão (sete hectares).
A mesma situação afecta também a fazenda Virgínia, no Samba Lucala, município do Samba Cajú, assim como a empresária Maria Ricardo, na comuna do Cambondo, Golungo Alto.
Segundo Virgínia Mateus, proprietária da fazenda Virgínia, por falta de transporte para o escoamento da produção, a sua empresa perde grandes quantidades de mandioca e de cana-de-açúcar.
Referiu que a fazenda dispõe apenas de uma carrinha que se encontra avariada, facto que impossibilita transportar os produtos para Luanda, onde tem comercializado.
Perante esse quadro, Virgínia Mateus pede apoio para a melhoria das vias de acesso aos campos, para o escoamento dos produtos agrícolas.
Com uma extensão de 390 hectares, a fazenda Virgínia dedica-se à produção de feijão, em grande escala, batata doce, hortícolas, banana, leguminosas, citrinos e ananás, empregando, actualmente, 25 jovens que se dedicam também à pecuária.
Por outro lado, Virgínia Mateus apontou as pragas e pestes como outros fenómenos que tem dificultado. A título de exemplo, em 2018, fruto de uma peste, perdeu 400 cabeças de gado bovino e vários cavalos.
Disse que a assistência técnica que recebe do Gabinete Provincial da Agricultura tem sido insuficiente para reverter a situação e, muitas vezes, recorre a veterinários em Luanda e Lubango, principalmente, para cuidar do gado.
A par de Virgínia Mateus está também a agricultora Maria Ricardo, que tem 120 hectares, onde desde 2015 produz, principalmente, tomate.
Para além do tomate, que é comercializado nas províncias do Uíge, Malanje e Luanda, a empresária produz também feijão, cebola, pimento, couve, milho e mandioca.
Referiu que tem em carteira, caso haja financiamento, o aumento da produção e a construção de uma fábrica de massa tomate.
Por dificuldade de financiamento, Maria Ricardo fez saber que o aumento da produção e a inovação dos sistemas de rega têm dependido, em grande medida, dos lucros que obtém em cada época agrícola. IMA/QCB