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ADRA optimista quanto ao projecto AgriPREI no meio rural

     Agricultura              
  • Benguela • Terça, 25 Abril de 2023 | 17h15
Campo agrícola (Foto ilustração)
Campo agrícola (Foto ilustração)
Aurélio Segunda Morinho

Benguela, 25/04 – A directora da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) em Benguela, Cecília Kitombe, elogiou nesta terça-feira o projecto-piloto AgriPREI, por promover o desenvolvimento económico do meio rural através da formalização dos agricultores familiares.

Segundo dados oficiais do Governo, o sector agrícola emprega 46 por cento da força de trabalho e representa cerca de 10 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), e continua a ser a principal fonte de rendimento para 90 por cento dos 8, 5 milhões de angolanos que vivem nas zonas rurais.

Os pequenos produtores representam mais de 80 por cento da produção agrícola e 95 por cento das terras aráveis em cultivo. Estima-se que mais de 93 por cento dos pequenos produtores agrícolas e agentes do agronegócio rural actuam na economia informal.

Falando à ANGOP, a propósito do referido projecto, que está já a ser implementado de uma forma experimental nas províncias de Benguela e Luanda, Cecília Kitombe dá conta de que a agricultura familiar tem enfrentado dificuldades no acesso à legalização das suas unidades económicas e para sua formalização.

É nesse contexto que classifica a iniciativa do Governo angolano como uma mais-valia, já que tem como foco a transformação dos produtos e a formalização dos principais agentes da agricultura familiar, isto é, os micro e pequenos produtores.

A expectativa, disse, é a de que o AgriPREI apoie aqueles produtores que já fazem o seu trabalho no sentido de formalizar a sua actividade, para terem acesso à segurança social e aos mercados formais.

Por isso, defende que se faça um melhor diagnóstico sobre onde estão os agricultores familiares e como podem aproveitar da melhor forma possível o projecto AgriPrei, de modo que, por via desta formalização, possam ser capacitados e aumentar os níveis de produção, bem como fomentar o escoamento dos produtos.

Académico apoia projecto

Nesse mesmo diapasão, Fernando Assis, coordenador do curso de Engenharia Agrícola do Instituto Superior Politécnico de Benguela (ISPB), acredita que o AGRIPREI vai ser fundamental para revitalizar a agricultura familiar, empoderar os produtores rurais e valorizar os produtos agrícolas que ainda se estragam no campo.

“Temos perdas muito grandes dos produtos agrícolas. No município do Bocoio, o ananás não é transformado”, lembrou o engenheiro, alertando ainda que, muitas vezes, o tomate proveniente de Benguela chega aos mercados de Luanda com um aspecto menos bom.

Daí ter Fernando Assis sublinhando a necessidade de se apostar na transformação dos produtos agrícolas, nomeadamente frutas e hortaliças, até mesmo para criar uma alimentação alternativa para a subsistência das populações das zonas rurais.

O académico diz que a merenda escolar devia ser feita com produtos do campo, porque tem maior sustentabilidade e conteúdo de vitaminas.

“Nessa transformação pode ser incluída um doce de ananás ou de tomate, um pão de mandioca ou de milho”, acrescentou.

Por seu lado, o director do Gabinete Provincial de Desenvolvimento Económico Integrado, Samuel Maleze, admite que, apesar das potencialidades agrícolas de Benguela, muitas vezes, os produtores deparam-se com problemas de escoamento e também de conservação, com destaque para o ananás do Monte Belo, no Bocoio, na fase de pico das colheitas.

Mas prevê que este cenário venha a mudar, na medida em que o AgriPREI vai implementar na província de Benguela 25 unidades de produção agrícola primária integrada “Chitakas” e igual número de unidades de agroprocessamento – Ochitandas AgriPREI – de pequena escala para a valorização dos produtos do campo.

“Para além da formalização das actividades dos produtores rurais, teremos como benefício as boas práticas de produção e processamento de alimentos”, notou, encarando o AgriPREI como uma grande oportunidade para mitigar as dificuldades do meio rural, pois, através das Ochitandas, a serem disponibilizadas pela FAO, os camponeses poderão processar a fruta em polpa e aumentar a renda.

Samuel Maleze considera que a implementação do projecto vem fazer face ao grande desafio da auto-suficiência alimentar e estabilidade das famílias que têm a agricultura como base do seu sustento.

Com a fase piloto prevista para dois anos ( 2022-2024), o AgriPrei é um projecto-piloto financiado pelo Governo angolano e implementado nas províncias de Luanda e Benguela com o apoio técnico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, FAO, com o objectivo de fortalecer a rota de formalização do agronegócio e das iniciativas económicas informais na agricultura. JH/CRB 

 





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