Kampala - Os ugandeses votam hoje para eleger um novo presidente, numa eleição tensa, marcada pela violência da campanha eleitoral e na qual o jovem cantor e deputado Bobi Wine desafia o actual presidente Yoweri Museveni.
Os 18 milhões de eleitores deste país, onde três quartos dos 44 milhões de habitantes têm menos de 30 anos, votam entre duas gerações.
Por um lado, Museveni, de 76 anos, no poder desde 1986, que parece o grande favorito.
Do outro, Wine, 38 anos, que aproveitou a sua popularidade entre os jovens das cidades e tornou-se o grande rival, dentro de uma oposição dividida que apresenta cerca de 10 candidatos contra o Movimento de Resistência Nacional (NRM), o partido no poder.
"Museveni é o meu candidato", disse Ceria Makumbi, uma empresária de 52 anos, após ter votado. "Porque deu estabilidade ao país e promoveu educação primária, universidade gratuita, construiu hospitais e estradas", acrescentou.
Mas, na periferia de Kamwokya, onde Wine é muito popular, Joseph Nsuduga espera que haja uma alternância.
"Durante anos, os líderes deste país disseram que iriam garantir meu futuro, mas não garantiram. Agora, quero uma mudança para os meus filhos", disse este motorista de 30 anos.
Desde terça-feira, as autoridades de Uganda suspenderam as redes sociais e os aplicativos de mensagens.
O presidente explicou que a medida era uma resposta ao encerramento pelo Facebook de várias contas ligadas ao poder e acusadas de influenciar, de forma enganosa, o debate público.
A decisão do Governo do Uganda foi lamentada pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Esta decisão foi tomada após uma campanha particularmente violenta marcada por detenções, violência e mortes de várias dezenas de pessoas.
Em Novembro, 54 pessoas foram mortas pela polícia em distúrbios provocados por uma das inúmeras prisões de Bobi Wine.
Além disso, nos últimos tempos, jornalistas, críticos do Governo e observadores também tiveram problemas para realizar o seu trabalho normalmente no país.
Argumentando que estabeleceu restrições para conter a pandemia de coronavírus, o Governo também proibiu vários comícios da oposição, enquanto Museveni gozou de ampla visibilidade na imprensa, graças à sua posição.
"Eu continuo a encorajar os ugandeses a irem votar", pediu hoje Wine, após ter depositado o seu boletim num colégio eleitoral nos arredores de Kampala, a capital.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou a sua "preocupação com a violência e a tensão que precederam a votação e pediu a todas as partes que não recorram ao ódio, intimidação e violência", segundo o seu porta-voz, Stéphane Dujarric.