Addis Abeba - A União Africana (UA) alargou o mandato do enviado especial ao Corno de África, Olusegun Obasanjo, que foi encarregado de prosseguir os esforços de paz na Etiópia após o reinício dos combates em finais de Agosto.
A decisão, anunciada neste sábado pela organização, ocorre apesar de os rebeldes do Tigray terem recusado a mediação de Obasanjo para pôr fim à guerra contra as forças governamentais, em curso desde finais de 2020.
"Reiterei a minha total confiança nele e encorajei-o a continuar o seu compromisso com ambas as partes e com os atores internacionais para trabalhar em prol da paz e da reconciliação na Etiópia e na região", disse Moussa Faki Mahamat, chefe da Comissão da União Africana, no Twitter, após o seu encontro com Obasanjo.
Vários esforços diplomáticos estão em curso para encontrar uma solução pacífica para o conflito, após novos combates no norte da Etiópia no mês passado terem quebrado uma trégua estabelecida em Março.
O Governo do primeiro-ministro Abiy Ahmed insistiu que quaisquer conversações com os rebeldes devem ser conduzidas sob os auspícios da União Africana, que tem sede em Addis Abeba.
Mas a Frente de Libertação Popular do Tigray (TPLF) denunciou a "proximidade" do ex-presidente nigeriano Obasanjo ao líder etíope.
Faki Mahamat também se encontrou com o novo enviado dos EUA para o Corno de África, Mike Hammer, que está em visita a Addis Abeba, e ambos "concordaram com a necessidade de os parceiros internacionais apoiarem o processo liderado pela UA com as partes para pôr fim ao conflito na Etiópia", disse o líder da UA.
Os combates estalaram em várias frentes no norte da Etiópia, causando preocupação internacional e impedindo o fluxo de ajuda humanitária ao Tigray.
O líder da TPLF, Debretsion Gebremichael, propôs no início desta semana uma trégua condicional numa carta ao secretário-geral da ONU, António Guterres.
Referiu que a trégua estava condicionada ao "acesso humanitário sem entraves" e ao regresso dos serviços essenciais à região do Tigray, que sofre de graves carências alimentares e de electricidade, comunicações e serviços bancários.
Debretsion também apelou à retirada das forças eritreias de todo o território etíope e de Tigray. Até ao momento, o Governo etíope não comentou publicamente o pedido da TPLF.
A guerra começou em 04 de Novembro de 2020, quando Abiy ordenou uma ofensiva contra a TPLF, que governava a região antes do início do conflito armado em resposta a um ataque a uma base militar federal e a uma escalada das tensões políticas.
Milhares de pessoas morreram e cerca de dois milhões foram forçados a fugir das suas casas devido à violência.