N’Djamena - A Human Rights Watch acusou hoje (quarta-feira) o exército do Tchad de matar pelo menos 13 pessoas, incluindo uma criança, em Janeiro, três num protesto pacífico e as restantes no funeral das primeiras, acusações refutadas por N'Djamena.
Em 24 de Janeiro, diz a organização num comunicado conjunto com a Convenção Tchadiana para a Defesa dos Direitos Humanos (CCDDH), as autoridades reprimiram um protesto pacífico em Abéché, capital da província de Ouaddaï, contra a investidura, num local tradicionalmente reservado ao seu sultão, de um eleito da comunidade árabe, em tempos nómada, mas sedentarizada há décadas.
Os "soldados" terão matado pelo menos três pessoas, entre as quais "um rapaz de 12 anos", quando "as forças de segurança dispersaram violentamente milhares de manifestantes pacíficos", disparando "balas reais", escrevem a Human Rights Watch (HRW) e a CCDDH.
A repressão do protesto resultou ainda em 80 feridos e 212 detidos, "alguns dos quais foram espancados e detidos em condições desumanas por até cinco dias", antes de serem libertados "sem acusação", escrevem as organizações.
No dia seguinte, "durante o funeral" das vítimas, "soldados" voltaram a disparar balas reais, matando outras dez pessoas e ferindo mais 40.
A HRW baseia as suas acusações em testemunhos de manifestantes, familiares das vítimas, profissionais de saúde e no visionamento de oito vídeos e 41 fotografias.
A organização exige "um inquérito aprofundado e imparcial sobre o uso excessivo de força pelas forças de segurança".
"O exército não disparou sobre ninguém, o exército tentou pôr ordem numa manifestação violenta em que os civis utilizaram armas, pessoas foram mortas e bens destruídos. O exército reagiu de forma proporcional", disse por seu lado o ministro das Comunicações, Abderaman Koulamallah, porta-voz do Governo nomeado pela junta militar que tomou o poder há dez meses, após a morte do Presidente Idriss Déby Itno.
"Foi aberto um inquérito para apurar responsabilidades, a HRW faria bem em esperar o resultado (...), o exército não matou ninguém", afirmou o ministro à agência France-Presse.
O Tchad regista com frequência conflitos entre comunidades e etnias, por vezes mortíferos, mas estes episódios são raros em Abéché, escreve a agência francesa.