Cartum - Mais de 1,8 milhões de pessoas que fogem da violência no Sudão deverão chegar este ano a cinco países vizinhos, anunciaram hoje as Nações Unidas, que precisam pelo menos mil milhões de dólares para prestar ajuda e protecção essenciais.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e 64 organizações humanitárias e da sociedade civil nacional apelaram hoje à disponibilização de mil milhões de dólares (cerca de 925 milhões de euros) para prestar ajuda e protecção essenciais a estas pessoas que devem chegar a cinco países vizinhos até ao final de 2023.
Trata-se de um aumento de duas vezes em relação ao montante inicialmente estimado em Maio para dar resposta à crise, uma vez que as deslocações e as necessidades continuam a aumentar.
Mais de um milhão de refugiados, repatriados e nacionais de países terceiros já fugiram do país desde o inicio, em meados de Abril, dos combates entre duas forças militares rivais que querem tomar o poder.
"A crise desencadeou uma procura urgente de assistência humanitária, uma vez que as pessoas que chegam às zonas fronteiriças remotas se encontram em circunstâncias desesperadas devido a serviços inadequados, infra-estruturas deficientes e acesso limitado", afirmou o director do Gabinete Regional do ACNUR para o Leste e Corno de África e Grandes Lagos e Coordenador Regional para os Refugiados e a situação no Sudão, Mamadou Dian Balde.
"Os parceiros activos nesta resposta estão a fazer todos os esforços para apoiar as pessoas que estão a chegar e os seus anfitriões, mas sem recursos suficientes dos doadores, estes esforços serão severamente reduzidos", alertou, num comunicado divulgado pelo ACNUR.
As necessidades críticas incluem água, alimentos, abrigo, serviços de saúde, ajuda em dinheiro, artigos de primeira necessidade e serviços de protecção.
A situação sanitária dos recém-chegados é cada vez mais preocupante e exige uma atenção urgente. Em vários países de acolhimento, registam-se elevadas taxas de desnutrição, surtos de doenças como a cólera e o sarampo, bem como mortes associadas.
"É profundamente angustiante receber notícias de crianças que morrem de doenças que são totalmente evitáveis, caso os parceiros dispusessem de recursos suficientes", afirmou Balde, acrescentando: "A acção não pode continuar a ser adiada".
Os países que recebem as pessoas que fogem do Sudão - República Centro-Africana, Tchad, Egipto, Etiópia e Sudão do Sul - já acolhiam centenas de milhares de pessoas deslocadas mesmo antes desta crise.CS