Luanda – A detenção da presidente do parlamento da África do Sul, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, depois de se dirigir à polícia no âmbito de uma investigação de corrupção sobre factos que remontam ao tempo em que era ministra da Defesa, constituiu o principal destaque do noticiário africano da ANGOP na semana que hoje, sábado, termina.
O porta-voz do Ministério Público sul-africano, Henry Mamothame, que confirmou a detenção, disse que Nosiviwe Mapisa-Nqakula deve ser apresentada a um tribunal em Pretória.
Nosiviwe Mapisa-Nqakula demitiu-se do cargo, na sequência de acusações de corrupção pública de mais de 2,3 milhões de rands (1 rand equivale a cerca e 44,69 Kz) em supostos subornos em contratos da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF, na sigla em inglês) quando desempenhou o cargo de ministra da Defesa, entre 2012 e 2021.
A demissão ocorreu após o Tribunal Superior de Gauteng, na capital sul-africana, Pretória, ter rejeitado um recurso urgente da líder do parlamento, para impedir a sua detenção.
Outra matéria de capa no período em análise, foi o anúncio, em Genebra, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), do início de uma campanha global de testes de despistagem da cólera, saudando, deste modo, um avanço na luta contra novas infecções.
Malawi recebeu a sua primeira remessa de testes, dando início a um novo programa global para acelerar a detecção de epidemias.
No total, mais de 1,2 milhões de testes serão distribuídos em 14 países de alto risco durante os próximos meses, afirmou a agência de saúde das Nações Unidas num comunicado.
O programa é um projecto conjunto, que conta com a Aliança das Vacinas Gavi, responsável pelo financiamento e coordenação, e com o Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, para o fornecimento.
A cólera, que resulta de uma bactéria, geralmente transmitida por meio de água ou alimentos contaminados, provoca diarreia e vómitos e pode ser perigosa para as crianças, sobretudo as mais pequenas.
Nos últimos anos, os casos de cólera multiplicaram-se em todo o mundo: em 2022, foram notificados 473 mil casos, o dobro do número registado no ano anterior. Dados preliminares indicam que foram notificados mais de 700 mil casos em 2023.
Em Maio passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que mil milhões de pessoas de 43 países podem ser infectadas com a doença, apontando, já em Outubro, Moçambique como um dos países de maior risco.
Mereceu igualmente destaque a notícia sobre a negação pelo Tribunal Constitucional do Uganda de um recurso contra uma lei repressiva anti-LGBT aprovada em Maio de 2023, que indignou a ONU e organizações de defesa dos direitos humanos, levando sanções dos EUA.
Conhecida como "Lei Anti-Homossexualidade 2023", a lei prevê penas severas para as pessoas que tenham relações homossexuais e "promovam" a homossexualidade.
O crime de "homossexualidade agravada" é punido com a pena de morte, uma pena que não é aplicada há anos no Uganda.
O recurso apresentado "pedia essencialmente a anulação de toda a Lei Anti-Homossexualidade de 2023".
Outro destaque foi a declaração do estado de “emergência Nacional, decretada pelo Presidente de Serra Leoa, Julius Maada Bio, devido ao aumento do consumo de drogas no país, especialmente o uso crescente entre os jovens de uma droga sintética conhecida como 'kush'.
"O nosso país enfrenta actualmente uma ameaça existencial devido ao impacto devastador do abuso de drogas e outras substâncias, em especial, a devastadora droga sintética 'kush'", afirmou Julius Maada Bio num discurso transmitido pela televisão à nação.
A "alarmante taxa de mortalidade dos nossos jovens devido ao uso viciante de 'kush' já não é aceitável", acrescentou, anunciando a entrada em vigor de "uma emergência nacional sobre o abuso de drogas e substâncias", que permitirá ao Governo expandir as suas acções contra aquele fenómeno.
Para conter a situação, o Presidente anunciou a criação de uma força conjunta nacional através da colaboração de diferentes ministérios, forças de segurança, organizações religiosas e da sociedade civil, bem como "parceiros de desenvolvimento".
As acções desta força incluirão tanto a prevenção, oferecendo tratamento e apoio a quem consome, através de serviços sociais, como o reforço da aplicação da lei, através da detenção e perseguição dos autores do tráfico.
O 'kush', uma combinação de várias substâncias químicas altamente viciantes, com efeitos semelhantes aos da canábis, tem vindo a tornar-se popular entre os jovens da Serra Leoa há cerca de cinco anos, apesar de não ser barato em comparação com os rendimentos médios num dos países mais pobres do mundo. JM