Luanda – A participação do Presidente do Quénia, William Ruto, no plenário do Parlamento europeu, onde pediu à União Europeia que "redefina" a cooperação internacional e deixe de assentar as relações com África em "ciclos de dívida e dependência", constituiu, dentre outros assuntos, o destaque do noticiário africano durante a semana finda.
William Ruto apelou num discurso proferido no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), para o fim das políticas europeias baseadas em dependências, que acabam por promover a "fragilidade económica" dos países africanos. "O Ocidente contra o Oriente é contraproducente", alertou.
Na opinião do líder queniano, é necessária uma "nova era de cooperação e colaboração", centrada nos desafios globais, porque "há ameaças que transcendem as fronteiras e os mares".
Um outro assunto de realce nos últimos sete dias foi o alerta feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), segundo o qual pelo menos cinco milhões de crianças estão "à beira do abismo" na região de Darfur, oeste do Sudão, devido à guerra entre o Exército sudanês e a milícia das Forças de Apoio Rápido (RSF).
A agência das Nações Unidas diz ter registado, desde o início das hostilidades, a 15 de Abril deste ano, mais de 3.100 denúncias de violações graves dos direitos das crianças no país, sendo, pelo menos, metade na região de Darfur.
Ainda assim, sublinhou, estes dados "são apenas a ponta do iceberg", uma vez que a informação tem sido muito condicionada pelos cortes nas comunicações e pela falta de acesso a várias zonas.
Foi igualmente manchete no noticiário africano a promessa feita pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, de 4.000 milhões de euros até 2030 para a iniciativa sobre energia verde entre a União Europeia e África, afirmando que vai importar do continente africano "uma grande parte" do seu hidrogénio verde.
"Isto não é sobre ajuda ao desenvolvimento segundo os desactualizados padrões de doadores e beneficiários, é sobre investimentos que são benéficos para ambos os lados", disse Olaf Scholz durante o fórum Compacto do G20 com África, que decorreu esta semana em Berlim.
Nos Camarões, as primeiras 331.200 doses de vacinas RTS,S contra a malária, recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), chegaram esta semana a Yaoundé, segundo anunciou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
"Este é mais um momento de viragem para as vacinas e o controlo da malária", pois a sua entrega "a novos países em toda a África oferecerá protecção vital a milhões de crianças em risco de contrair" a doença, disse o Director-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado no comunicado de imprensa da UNICEF.
Segundo a UNICEF, "prevê-se que mais 1,7 milhões de doses da vacina RTS,S cheguem ao Burkina Faso, Libéria, Níger e Serra Leoa nas próximas semanas, com mais países africanos a receberem doses nos próximos meses".
Um outro assunto destacado durante a semana finda foi a morte de pelo menos 10 pessoas quando um automóvel avançou contra uma multidão de apoiantes de Joseph Boakai, de acordo com informações do partido deste veterano político declarado vencedor das eleições presidenciais na Libéria horas antes.
Segundo o porta-voz do Partido da Unidade, Mohammed Ali, havia poucas dúvidas de que tivesse sido um acto deliberado do motorista que se pôs em fuga.
"Achamos difícil acreditar que o carro teve um problema mecânico ou que o travão falhou, pois disseram-nos que estava estacionado perto, acendeu os faróis e acelerou em direcção à multidão", lamentou Mohammed Ali, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
E em Moçambique, o Conselho Constitucional (CC) moçambicano proclamou a Frelimo, partido no poder, vencedora das eleições autárquicas de 11 de Outubro em 56 municípios, contra os anteriores 64, com a Renamo a vencer quatro.
Segundo o acórdão aprovado por unanimidade, lido ao longo de uma hora e 45 minutos pela presidente do CC, a juíza conselheira Lúcia Ribeiro, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) manteve a vitória nas duas principais cidades do país, Maputo e Matola, em que a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) reivindicava vitória, apesar de cortar em dezenas de milhares de votos o total atribuído ao partido no poder.CS