Luanda – A acusação feita pelo Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, ao seu antecessor, Joseph Kabila, de preparar uma "insurreição" e de pertencer a um movimento rebelde armado, constituiu o principal destaque do noticiário africano da ANGOP na semana que hoje, sábado, termina.
Numa entrevista concedida à rádio congolesa Top Congo e publicada pela Presidência congolesa na sua conta na rede social X, Tshisekedi disse que Joseph Kabila está "a preparar uma insurreição" e a coordenar ou pertencer à Aliança Francesa do Congo (AFC), um movimento político-militar que inclui o Movimento 23 de Março (M23), um grupo rebelde alegadamente apoiado pelo Rwanda, que se apoderou de vastas áreas da província de Kivu-Norte, no leste da RDC, desde o final de 2021.
"A AFC é ele", assegurou Tshisekedi sem dar mais pormenores.
Joseph Kabila chegou ao poder em 2001, após o assassínio do seu pai Laurent-Désiré Kabila, que derrubou Mobutu Sese Seko em 1997.
Em Janeiro de 2019, Kabila entregou o poder a Félix Tshisekedi, um antigo opositor, declarado vencedor das presidenciais de Dezembro de 2018, marcando a primeira transferência pacífica de poder desde a independência do país, em 1960.
Após dois anos de uma "co-gestão" conflituosa do país, Tshisekedi declarou uma ruptura com o clã político de Kabila e, desde então, o antigo presidente tem-se mantido muito discreto nas suas aparições, nunca tomando posição sobre as questões políticas do país.
O M23 é um dos mais de 100 grupos armados activos no leste da RDC, muito rica em ouro, metais raros fundamentais às maiores tecnológicas mundiais e vários outros recursos minerais. A RDC acusa o Rwanda de apoiar activamente o M23.
A RDC acusa o Rwanda e o M23 de tentarem deitar a mão aos minerais no leste do Congo. O M23, pelo seu lado, alega estar a defender uma parte ameaçada da população tutsi a viver no Kivu-Norte.
Também nos últimos sete dias, o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, acusou o ex-primeiro-ministro Nuno Nabiam de "saber da tentativa de golpe" de Estado de 01 de Fevereiro de 2022, lamentando que alguém que ajudou na política o queira matar.
O chefe de Estado fez a acusação numa tertúlia com jornalistas no palácio da República, que durou mais de três horas, em que falou de quase todos os assuntos da vida do país.
Embaló relatou uma série de acontecimentos antes, durante e após a tentativa de golpe, citando sempre a alegada participação de Nuno Nabiam.
Disse que no dia 01 de Fevereiro de 2022, por exemplo, homens armados atacaram, com armas do exército, o palácio do Governo, em Bissau, onde Umaro Sissoco Embaló presidia a uma reunião do Conselho de Ministros, uma acção que, segundo afirmou, foi conduzida por cerca de 30 militares e da qual morreram 12 pessoas, na sua maioria elementos da segurança presidencial.
Explicou o que teria escutado, do local onde se refugiou, daqueles que o tentaram matar no dia 01 de Fevereiro de 2022, relativamente ao alegado envolvimento do ex-primeiro-ministro e líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB).
Embaló citou o militar que terá liderado a alegada tentativa de golpe, Tchami Yalá, afirmando que o então PM estava "do lado deles".
"Eu mesmo liguei ao Nuno mais de 30 vezes, mas não me está a atender", acrescentou o Presidente, ao pormenorizar o que teria ouvido da boca do líder operacional do golpe, numa suposta ligação com o então primeiro-ministro.
Tchami Yalá, militar do corpo dos fuzileiros da Armada guineense, continua a monte desde a tentativa do golpe de Fevereiro de 2022.
Cerca de 50 pessoas, entre civis e militares, estão detidos há mais de dois anos acusadas de envolvimento na tentativa de golpe. O Tribunal Militar Superior ordenou, no passado dia 19 de Julho, a sua libertação, mas a ordem ainda não foi cumprida.
No período em análise, foi igualmente destaque a doação alimentar da Coreia do Sul a crianças de três países africanos, nomeadamente a Guiné-Bissau, Serra Leoa e Mauritânia, num total de 11.520 toneladas de arroz para ajudar cerca de 350 mil petizes
Na Guiné-Bissau, onde as crises económica e climática aumentam a fome e a subnutrição, o PAM vai distribuir 2.400 toneladas de arroz a 180.000 crianças em 850 escolas durante quatro meses.
Já na Serra Leoa, a doação complementará os esforços do Governo para responder às necessidades alimentares e nutricionais de 106.700 alunos em 494 escolas primárias em todo o país, enquanto na Mauritânia, parte da contribuição sul-coreana será utilizada para complementar a assistência alimentar geral a 81.600 refugiados malianos no campo de refugiados de Mbera durante 11 meses.
A outra parte da oferta servirá para fornecer refeições escolares a 7.700 crianças refugiadas e 46.800 das comunidades de acolhimento da Mauritânia durante nove meses. DSC/JM