Luanda – A tomada de posse para um segundo mandato de cinco anos de Cyril Ramaphosa, como presidente da República da África do Sul, constituiu, dentre outros, o assunto de destaque do noticiário africano da ANGOP durante a semana que hoje finda.
Ramaphosa tomou posse como Presidente da África do Sul para um segundo mandato, depois de no dia 14 deste mês, a Assembleia Nacional da África do Sul (Câmara Baixa) o reeleger para liderar o país, apesar de ter perdido a maioria absoluta nas eleições de 29 de Maio, horas depois de John Steenhuisen, líder do principal partido da oposição Aliança Democrática (AD, liberal de centro-direita), ter dito numa mensagem à nação que tinha chegado a um acordo com o partido do Presidente para um "governo de unidade nacional".
Ramaphosa foi eleito com 283 votos na primeira sessão do parlamento, com o apoio dos partidos de oposição Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), centro-direita e liberal, e Partido Livre Inkatha (IFP), centro-esquerda e nacionalista zulu, após um acordo de última hora.
O partido de Ramaphosa, o histórico Congresso Nacional Africano (ANC), obteve 40,20% dos votos e 159 dos 400 lugares no parlamento, enquanto o PD, herdeiro da liderança política branca que se opôs ao apartheid, obteve 21,81% dos votos e 87 lugares.
A semana ficou também marcada pela morte de 315 pessoas devido às fortes chuvas que atingem o Quénia desde Março e que provocaram graves inundações, segundo o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).
O Departamento Meteorológico do Quénia diz que são ainda esperadas "chuvas acima da média" entre Junho e Agosto em algumas zonas, como a bacia do Lago Vitória ou o Vale do Rift, no oeste e noroeste do país.
Este ano, a longa estação das chuvas (Março-Maio) foi intensificada pelo fenómeno meteorológico El Niño, uma alteração da dinâmica atmosférica causada pelo aumento das temperaturas do Oceano Pacífico que, segundo estudos recentes, foi intensificada pelas alterações climáticas.
Um outro assunto destacado nos últimos sete dias foi o anúncio de que a guerra no Sudão provocou até ao momento uma das piores crises humanitárias no mundo, desde há décadas, segundo o presidente internacional da Organização Não-Governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras, Christos Christou.
A guerra eclodiu em Abril de 2023 entre o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, e as forças paramilitares de apoio rápido (RSF) do seu antigo adjunto, o general Mohamed Hamdane Daglo.
O conflito causou dezenas de milhares de mortos e deslocou mais de nove milhões de pessoas, segundo a ONU.
"O Sudão está a ser marcado por uma das piores crises a que o mundo assistiu em décadas (...) e a resposta humanitária é profundamente inadequada", afirmou Christou na rede social X (antigo Twitter).
Ainda sobre o Sudão, as Nacões Unidas (ONU) alertaram que a fome está "iminente" neste país, devastado pela guerra, onde 7.000 novas mães podem morrer nos próximos meses se não tiverem acesso a alimentos e cuidados de saúde.
Numa reunião do Conselho de Segurança da ONU para abordar a situação no Sudão, a directora de Operações e Advocacia do Escritório das Nações
Unidas para Assuntos Humanitários (OCHA), Edem Wosornu, descreveu o cenário como "uma corrida contra o tempo" para evitar a perda massiva de vidas nesta crise sem precedentes de protecção e segurança alimentar.
Quase cinco milhões de pessoas enfrentam níveis de emergência de insegurança alimentar, sendo que nove em cada dez pessoas estão em áreas afectadas por conflitos nos estados de Darfur, Kordofan, Aj Jazirah e Cartum.
Na Zâmbia, o antigo presidente zambiano Edgar Lungu pode estar alegadamente envolvido em escândalos de corrupção no Essuatíni, segundo a investigação "Swazi Secrets" do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla em inglês), organização com sede em Washington.
De a acordo com A "Swazi Secrets" e num investigação sobre fluxos de dinheiro suspeitos no Essuatíni que contém 890.000 registos internos da Unidade de Informação Financeira do Essuatíni (EFIU, na sigla em inglês), que foram analisados por 38 jornalistas de 11 países, descobriu o alegado envolvimento do antigo presidente zambiano.
Segundo informação do ICIJ, em 2019 investigadores zambianos redigiram um pedido de ajuda aos seus homólogos do Essuatíni para investigarem Lungu, mas só em 06 de Dezembro de 2021 foi enviado pelos investigadores de crimes financeiros da Zâmbia um memorando confidencial aos seus homólogos no Essuatíni, país anteriormente conhecido como Suazilândia.
Por fim, a morte de nove pessoas e o ferimento de 46 outras pessoas durante um incêndio provocado numa explosões num depósito de munições militares na capital do Tchad, N’Djamena, foi também motivo de destaque no noticiário africano da semana.
O incêndio, que ocorreu ao final da noite de terça-feira no distrito de Goudji, em N'Djamena, "causou danos humanos e materiais", publicou o Presidente, Mahamat Deby Itno, na rede social Facebook.
A causa do incêndio não foi imediatamente esclarecida, e o Presidente disse que seria efectuada uma investigação.MOY/CS