Luanda – O anúncio do incremento da ajuda humanitária para África, a visita “relâmpago” do Presidente Brasileiro a Cabo Verde, bem como a comunicação sobre a ausência do Presidente russo na cimeira dos BRICS, na África do Sul, são alguns do assuntos destacados no noticiário africano durante a semana que hoje, sábado, finda.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou um pacote adicional de 380 milhões de dólares (340 milhões de euros) para ajuda humanitária a África.
Em comunicado, Antony Blinken salientou que este financiamento eleva para mais de quatro mil milhões de dólares (3,5 mil milhões de euros) a assistência humanitária prestada pelos Estados Unidos neste ano fiscal.
A assistência humanitária visa "responder às necessidades dos refugiados, pessoas deslocadas internamente e pessoas afectadas por conflitos e crises no continente africano", lê-se no comunicado.
Nos últimos sete dias, o presidente brasileiro Lula da Silva afirmou, na cidade da Praia, que o seu país ficou muito tempo afastado de África, mas prometeu recuperar a "boa e produtiva" relação com o continente, que quer ajudar com transferência de tecnologia e formação.
"A verdade é que o Brasil ficou afastado do mundo durante os últimos seis anos e da África também ficou afastado há muito tempo. E eu quero recuperar essa relação com o continente africano", prometeu Luiz Inácio Lula da Silva, numa declaração à imprensa, após um encontro com o seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, na capital de Cabo Verde.
A semana ficou também marcada pelas declarações das autoridades sul-africanas segundo as quais o Presidente russo não participará na cimeira do grupo de economias emergentes BRICS, em Agosto, para "não pôr em perigo" o evento ou "criar problemas" devido ao seu mandado de captura internacional, de acordo com o embaixador russo na África do sul.
"O Presidente Putin compreende o dilema que a África do Sul enfrenta, mas não quis pôr em perigo a cimeira nem criar problemas à África do Sul", disse o representante diplomático deste país africano junto do bloco BRICS, Anil Sooklal, durante uma conferência de imprensa em Joanesburgo.
Para Sooklal, a decisão do líder russo é um sinal da "maturidade e força do bloco BRICS" - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
No Gabão, o Centro Eleitoral Gabonês (CGE) anunciou que rejeitou quatro candidaturas por estarem incompletas e confirmou a candidatura de Bongo, assim como as de Paulette Missambo, presidente da União Nacional, e Victoire Lasseni Duboze, líder da União de Alianças para uma Nova África (UANA), as duas únicas mulheres que aspiram à presidência.
Entre os candidatos figuram ainda Jean Boniface Assélé, presidente do Centro de Reformadores Liberais (CLR) e tio de Bongo, bem como Alexandre Barro Chambrier, do Rassemblement pour la Patrie et la Modernité (RPM), que se perspectiva como um dos principais rivais do Presidente nas urnas, segundo o portal noticioso gabonês Gabon Actu.
Entretanto em Moçambique, uma missão de avaliação propõe a retirada completa dos militares da África Austral que combatem os grupos armados em Cabo Delgado até Julho de 2024, assinalando que a situação na província "está agora calma", apesar de os riscos prevalecerem.
A avaliação foi proposta à Cimeira Extraordinária da troika do Órgão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) sobre Cooperação nas Áreas de Política, Defesa e Segurança, realizada terça-feira última.
Foi também noticiado, durante os últimos sete dias, que em Cartum as paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) reivindicaram uma "grande vitória" com a tomada de uma base do exército sudanês na província do Darfur e declararam-se mais determinadas que nunca a lutar.
Num anúncio que coincide com o recrudescer também na capital, Cartum, dos combates pelo poder no Sudão, que dura desde meados de Abril, as RSF disseram que "controlam totalmente" a base e que capturaram cerca de 30 soldados do exército, incluindo um coronel, bem como 13 veículos e 70 armas pesadas.
Por outro lado, a chefe do Programa Alimentar Mundial (PAM) da ONU, Cindy McCain, disse que a guerra no Sudão está a esgotar a resposta humanitária e a exacerbar as tensões na África Central e Ocidental, ameaçando a estabilidade nesta região.
Cindy McCain, que emitiu um comunicado após falar com refugiados do Sudão, em solo tchadiano, no âmbito de uma visita ao Tchad, Togo e Benim, alertou para a necessidade de "actuar agora para evitar que o Thad se torne mais uma vítima desta crise".
Ainda na semana que hoje finda, doze novos corpos foram encontrados na floresta de Shakahola, onde se reunia uma seita evangélica que praticava o jejum extremo, elevando para 403 o número de mortos neste escândalo macabro que abala o Quénia, anunciou um responsável regional.
"A nossa equipa forense conseguiu exumar 12 corpos", disse Rhoda Onyancha, o prefeito da região costeira, numa mensagem enviada à agência AFP, apontando um total de 403 mortos.
As autoridades esperam que o número de mortos aumente ainda mais, à medida que prosseguem as buscas de valas comuns numa vasta área de mato na costa queniana, quase três meses depois de terem sido descobertas as primeiras vítimas do que foi apelidado de "massacre da floresta de Shakahola"
E na Guiné Bissau, o Chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, afirmou que a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) está preocupada com a presença de mercenários do grupo russo Wagner na região, nomeadamente no Mali.
"Sim. Estamos preocupados com essa presença e não só", disse Umaro Sissoco Embaló,ex-presidente da CEDEAO, quando questionado sobre se a 'troika', integrada pela Guiné-Bissau, Benim e Nigéria, criada na última cimeira de chefes de Estado da CEDEAO para analisar e encontrar soluções para as questões de segurança na região estava preocupada com a presença daquele grupo de mercenários.CS