Kinshasa -As forças ugandesas presentes na República Democrática do Congo (RDC), para operações conjuntas contra o grupo rebelde ADF retiram-se até 31 de Maio, salvo novo acordo entre os dois países, anunciaram terça-feira fontes militares ugandesas.
O Uganda enviou militares para o leste da RDC em 1 de Dezembro como parte de uma operação militar com o exército da RDC contra os rebeldes das Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla em inglês), acusados por Kinshasa e massacres de civis e por Kampala de ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).
Até agora não foi revelado nenhum detalhe sobre o número de tropas envolvidas e a duração da missão.
"A operação Shujaa terminará oficialmente em cerca de duas semanas, de acordo com o nosso acordo inicial, que tinha a duração de seis meses", escreveu o chefe do Exército do Uganda, general Muhoozi Kainerugaba, na rede social Twitter, referindo o código da operação, que significa "aquele que é forte" em suaili.
"A menos que eu receba mais instruções do nosso comandante-em-chefe (Presidente Yoweri Museveni) ou do chefe das Forças de Defesa, retirarei todas as nossas tropas da RDC em duas semanas", acrescentou o general, que é filho do chefe de Estado ugandês.
Noutra mensagem no Twitter, o general Muhoozi Kainerugaba esclareceu: "Para ser claro, a operação Shujaa continuará por mais seis meses se os dois Presidentes Museveni e [Félix] Tshisekedi decidirem prorrogá-la. Eles são as autoridades com a última palavra".
O ministro da Defesa do Uganda, Vincent Ssempijja, confirmou à agência France-Presse que "o acordo bilateral com a RDC sobre a operação Shujaa termina em 31 de Maio".
"Os nossos respetivos órgãos estão a consultar e a avaliar a situação e qualquer futura cooperação militar com a RDC após 31 de Maio dependerá do que os dois países (...) alcançaram na operação conjunta", acrescentou.
As ADF, originalmente uma coligação de grupos armados no Uganda, o maior dos quais era formado por muçulmanos que se opunham ao regime de Yoweri Museveni, desde 1995 que mantêm actividade militar no leste da RDC.
A organização, considerada a mais mortífera dos muitos grupos armados que actuam na região, é considerada responsável pelo massacre de milhares de civis, sequestros e saques.
Desde Abril de 2019, alguns dos seus ataques foram reivindicados pelo EI, que designa o grupo como sua "Província da África Central" (Iscap).
Em Março passado, os Estados Unidos listaram as ADF entre os "grupos terroristas" com ligações aos extremistas islâmicos do EI.
A actual operação conjunta despertou a desconfiança de cidadãos da RDC que receiam ver o exército do vizinho Uganda estabelecer-se a longo prazo que, à semelhança do Ruanda, é acusado de ter contribuído amplamente para a desestabilização do leste do país durante décadas.