Kinshasa - Pelo menos 15 civis foram mortos na segunda-feira no nordeste da República Democrática do Congo (RDC), num novo ataque atribuído aos rebeldes ugandeses da Frente Democrática Aliada (ADF), confirmaram hoje (terça-feira) fontes militares e da sociedade civil.
"Ontem [segunda-feira], o inimigo entrou na aldeia de Idohu. Trouxeram reféns do mato com eles, porque uma grande parte da população fugiu das aldeias por causa da insegurança. Eles trouxeram estes civis e mataram-nos", afirmou o coordenador da organização Convenção para o Respeito dos Direitos do Homem (CRDH), Christophe Munyanderu.
O ataque foi também confirmado à agência Efe, sem qualquer comentário, pelo porta-voz regional do Exército, tenente Jules Ngongo.
Segundo Munyanderu, a busca de corpos continua na aldeia, localizada na cidade de Irumu, na província nordeste de Ituri, pelo que o número de mortos pode aumentar.
"Desde Julho, a insegurança aumentou e todas as aldeias foram esvaziadas de pessoas", disse o activista, apelando a uma intervenção firme do Governo congolês na região.
As províncias do Kivu Norte e Ituri, que têm sido atingidas durante anos por um duro conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados regulares do Exército, estão sitiadas e sob administração militar desde 06 de Maio, em resposta à crescente violência.
A ADF, uma dessas forças rebeldes, iniciou a sua violenta campanha em 1996 no Uganda ocidental contra o regime do Presidente do Uganda, Yoweri Museveni - a quem acusaram de ser anti-muçulmano -, até o Exército forçar a sua retirada para a fronteira com a RDC.
A partir daí, fizeram incursões em território congolês, que se tornaram mais frequentes e virulentas no último ano, aproveitando uma geografia montanhosa que lhes permite esconder-se das operações militares e da missão das Nações Unidas no país (Monusco), que enviou mais de 15.000 soldados.
A sua agenda não é clara, para além de uma possível ligação com a organização “jihadista” Estado Islâmico.
De acordo com o último relatório publicado pelo Kivu Security Tracker, cerca de 120 grupos armados continuam activos no leste da RDC, espalhados pelas províncias do Kivu Norte, Kivu Sul, Ituri e Tanganica.