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RDC: Rebeldes do M23 negam ataque a central financiada pela UE

     África              
  • Luanda • Quinta, 18 Agosto de 2022 | 16h44

Kinshasa - O grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) negou ter atacado na quarta-feira uma central hidroelétrica financiada pela União Europeia dentro do parque nacional de Virunga, no nordeste da República Democrática do Congo (RDCongo).

"O Instituto Congolês para a Conservação da Natureza [ICCN] e todas as suas instalações não constituem um objetivo militar e, portanto, não podem ser alvo do Exército Revolucionário Congolês [ala armada do M23]", disse um porta-voz do grupo, Lawrence Kanyuka, numa declaração hoje emitida.

O M23 defendeu-se contra as acusações do ICCN de que o grupo armado foi responsável pelo ataque.

Kanyuka atribuiu "este ato atroz" ao exército congolês, que também acusou de cooperar com outros grupos rebeldes, tais como as Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR) e os grupos Nyatura, formados por alguns líderes do genocídio ruandês de 1994 e outros ruandeses exilados na vizinha RDCongo com o objectivo de recuperarem o poder político no seu país de origem.

"Esta coligação não poupa meios para alcançar a vitória militar a qualquer custo, incluindo o sacrifício humano. Posiciona a sua artilharia junto a casas civis, centros de saúde, pátios escolares, igrejas, etc., para usar os cidadãos como escudos humanos", disse Kanyuka.

O porta-voz também ofereceu ao ICCN a "cooperação" do M23 para esclarecer o que aconteceu durante o incidente de quarta-feira.

O ataque ocorreu na nova central hidroeléctrica em Rwanguba (província do nordeste do Kivu Norte), que está em construção e, uma vez concluída, tornar-se-á a principal fonte de energia no leste do país, de acordo com o parque nacional de Virunga.

Embora os trabalhadores tenham sido retirados pelo ICCN antes de qualquer morte, "várias vítimas morreram nas aldeias circundantes", disse o director-geral do ICCN, Olivier Mushiete, sem dar mais pormenores.

A União Europeia (UE), que financia a construção da barragem, condenou "firmemente" o ataque e apelou ao M23 para "depor as armas e retirar-se das áreas ocupadas", de acordo com uma declaração da sua delegação na RDCongo.

O M23 foi fundado no início de 2012 como uma cisão do extinto Congresso Nacional para a Defesa do Povo (CNDP), um grupo de rebeldes nascidos sobretudo no Ruanda que lutou contra as FDLR em solo congolês.

Em novembro de 2012, o M23 avançou rapidamente para ocupar a cidade de Goma, capital do Kivu do Norte, durante duas semanas.

Apesar de ter assinado um acordo de paz com o governo congolês em 2013, os combates deste grupo rebelde foram retomados em Março deste ano.

Em 29 de junho, a chefe da missão de manutenção da paz das Nações Unidas na RDCongo (Monusco), Bintou Keita, salientou a enorme capacidade militar da M23, destacando-se assim dos mais de uma centena de grupos armados que combatem no leste do país.

Além de deslocar mais de 170.000 pessoas, de acordo com os números da ONU, os combates M23 desencadearam também uma escalada das tensões diplomáticas entre o Ruanda e a RDCongo.

O Governo congolês acusa o exército ruandês de colaborar com o M23, algo que Kigali (Ruanda) sempre negou, embora um relatório confidencial de peritos da ONU divulgado por alguns meios de comunicação internacionais no início de Agosto o tenha confirmado.





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