Kigali - O Presidente do Rwanda, Paul Kagame, disse hoje ter tido uma "conversa produtiva" com o chefe da diplomacia dos Estados Unidos sobre a "necessidade de garantir um cessar-fogo" na República Democrática do Congo (RDC).
Numa mensagem publicada na rede social X, Kagame disse que, durante a conversa por telefone com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, sublinhou a importância "de abordar de uma vez por todas as causas profundas do conflito" na vizinha RDC.
O chefe de Estado do Rwanda enfatizou "a importância de aprofundar" os "laços bilaterais com base no respeito pelos nossos respectivos interesses nacionais".
"Estou ansioso por trabalhar com a administração (do novo Presidente dos Estados Unidos, Donald) Trump para criar a prosperidade e a segurança que o povo da nossa região merece", acrescentou Kagame.
Num comunicado, o Departamento de Estado norte-americano disse que Rubio "pediu um cessar-fogo imediato na região e que todas as partes respeitem a integridade territorial soberana" da RDC.
Os Estados Unidos estão "profundamente preocupados com a escalada do conflito em curso no leste da RDC, particularmente com a queda de Goma para o grupo armado M23, apoiado pelo Rwanda", acrescentou o comunicado.
Os Estados Unidos apelaram na terça-feira aos seus cidadãos para abandonarem a RDC, horas depois de a sua embaixada e várias outras representações estrangeiras em Kinshasa terem sido alvo de manifestantes.
Os ataques às embaixadas do Rwanda, França, Bélgica, Estados Unidos, Uganda e Quénia foram realizados por manifestantes, quando os rebeldes avançam no leste do país, segundo fontes diplomáticas, citadas pela RTP Notícias.
Em Nova Iorque, as Nações Unidas divulgaram que o secretário-geral António Guterres falou na terça-feira com Paul Kagame, a quem pediu para retirar as suas tropas da RDC e cessar o apoio que presta aos rebeldes do M23.
Guterres falou igualmente com o Presidente da RDC, Felix Tshisekedi.
Os apelos de Guterres surgem numa altura de tensão acrescida no nordeste da RDC, especialmente na cidade de Goma, que tem dois milhões de habitantes, metade dos quais são refugiados, onde os ataques do M23 deixaram muitos cadáveres nas ruas, segundo o porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Jens Laerke.
"O secretário-geral discutiu (com Kagame) a situação na RDC e foi muito claro, tanto em público como em privado, sobre a necessidade de o Rwanda cessar o seu apoio ao M23 e retirar-se da RDC", disse o porta-voz de Guterres, Stephane Dujarric.
As forças do M23 controlam o aeroporto de Goma e os combates estão a decorrer na cidade e nos arredores.
A missão de manutenção da paz da ONU (Monusco) foi forçada a acantonar-se nas suas bases, salientou Dujarric.
O Conselho de Segurança da ONU deverá debater ainda hoje a situação na RDC numa reunião de emergência convocada para o efeito. JM