Cartum - Pelo menos duas pessoas morreram e outras 15 ficaram feridas na terça-feira, durante uma intervenção das forças de segurança para dispersarem uma manifestação de apoio às vítimas do massacre de 2019, divulgou hoje o Comité de Médicos Sudaneses.
Segundo a mesma fonte, dois jovens perderam a vida e outros 15 ficaram feridos durante a intervenção das forças de segurança para dispersarem os manifestantes que se concentraram em frente ao quartel-general do exército, em Cartum, capital do Sudão.
Na terça-feira, centenas de jovens reuniram-se em frente àquela unidade militar para recordar as vítimas do massacre de Junho de 2019, no qual cerca de uma centena de pessoas foram mortas quando as forças de segurança abriram fogo para dispersar uma manifestação contra o Governo do antigo Presidente Omar al-Bashir.
O Comité dos Médicos exigiu a demissão dos responsáveis por estas mortes e apelou ao Governo e à Procuradoria-Geral da República para que "esclarecessem os motivos da realização deste ataque traiçoeiro e premeditado".
Por seu lado, a agência de notícias oficial SUNA disse que o primeiro-ministro, Abdallah Hamdok, convocou os ministros da Defesa e da Justiça, bem como o Procurador-Geral do Sudão, para discutirem urgentemente as acções das forças de segurança durante a dispersão dos manifestantes.
Os familiares das vítimas do protesto de 2019 acusam o vice-presidente do Conselho Soberano, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, e o seu irmão Abdelrahim Hamdan Dagalo de serem os responsáveis pelo massacre de há dois anos que, segundo o Ministério da Saúde, provocou 66 mortos e, segundo a oposição, 128.
Os dois irmãos fizeram parte das Forças de Apoio Rápido, uma antiga milícia sudanesa acusada de crimes contra a humanidade no Darfur e de repressão nos protestos de 2019, agora um corpo militar regular.
O Governo de transição sudanês comprometeu-se, em várias ocasiões, a levar a cabo uma investigação sobre os acontecimentos, mas até agora ninguém foi responsabilizado.