Addis Abeba - Pelo menos 20 pessoas morreram, nesta quarta-feira (27), num ataque contra muçulmanos realizado por "extremistas cristãos" durante o enterro de um dignatário religioso na cidade de Gondar, em Amhara, nordeste da Etiópia, informou um organismo islâmico.
Contactado pela rádio e televisão pública etíope EBC, o governador de Gondar, Zewdu Malede, confirmou que "alguns extremistas" haviam provocado um "incidente", que terminou com a "destruição de bens e perdas de vidas humanas de ambos os lados", muçulmano e cristão.
A AFP não conseguiu contactar o governo regional de Amhara e a polícia de Gondar se recusou a dar qualquer declaração sobre a ataque.
Num comunicado, o Conselho de Assuntos Muçulmanos da região garantiu que um "massacre foi realizado a 26 de Abril contra muçulmanos reunidos no cemitério de Cheikh Elias, na cidade de Gondar, por extremistas cristão armados com armas individuais e colectivas".
Estes "desencadenaram uma rajada de fogo" com a ajuda de armas automáticas e granadas, afirmou o Conselho, que informou que "20 pessoas foram assassinadas".
Os feridos foram levados para o hospital e muitos bens que pertenciam aos muçulmanos foram saqueados.
Uma desavença entre cristãos ortodoxos - a religião mais representada na Etiópia e maioritária em Amhara - e muçulmanos sobre o cemitério onde aconteceu o enterro pode explicar a violência.
"Apesar das acções incessantes para a tomada de posse do cemitério de Cheikh Elias, o lugar sempre foi, historicamente, um lugar muçulmano", afirmou o Conselho num comunicado.
O cemitério em questão está no limite entre uma mesquita e uma igreja ortodoxa, o que enfureceu alguns cristãos, explicou um membro das forças locais de segurança em Gondar, que pediu anonimato, à AFP.
Várias pessoas - "mais de cinco" - foram mortas, acrescentou sem poder fornecer um número preciso, acrescentando que a cidade havia voltado à calma nesta quarta-feira
A violência foi cometida por "extremistas. Eles não representam as comunidades cristãs e muçulmanas em nenhum caso", enfatizou o prefeito de Gondar, numa tentativa aparente de não atribuir a responsabilidade a nenhum grupo religioso.
O objectivo "era incendiar, destruir, desestabilizar e saquear Gondar", garantiu. "Falharam" e "a situação voltou ao controlo até às 19h00" de terça-feira, explicou.