Abidjan - O Tribunal de Primeira Instância da Côte D´Ivoire condenou sexta-feira a dois anos de prisão um dirigente da oposição por comentários na rede social Facebook contra o Presidente do país, Alassane Ouattara, disse o advogado de defesa.
Mamadou Traoré, dirigente do partido entretanto dissolvido Générations et Peuples Solidaires (GPS, na sigla em francês), do antigo líder rebelde e ex-primeiro-ministro Guillaume Soro, foi detido pela polícia em 08 de Agosto.
Julgado em flagrante delito, compareceu em tribunal sexta-feira e foi considerado culpado de "difusão de notícias falsas susceptíveis de prejudicar a moral da população" e de "perturbação da ordem pública", declarou à agência de notícias France-Presse (AFP) o seu advogado, Souleymane Diallo.
O procurador, Oumar Koné Braman, pedira a condenação de Traoré a 36 meses de prisão por publicar comentários em que qualificava de mentiras as promessas de construção de infra-estruturas e de novas medidas sociais feitas pelo Presidente, Alassane Ouattara, e que não tinham sido cumpridas.
O seu advogado, Souleymane Diallo, considerou não existir qualquer delito e afirmou que se estava perante um "julgamento político".
Por sua vez, Mamadou Traoré disse "nunca convidou ninguém a revoltar-se ou a odiar", mas admite ter realizado comentários "satíricos".
Em 2022, Mamadou Traoré foi condenado a um ano de prisão por factos semelhantes.
Outro membro do partido de Guillaume Soro, Kando Soumahoro, foi detido quarta-feira depois de ter sido interrogado no âmbito de uma investigação sobre "perturbações da ordem pública" e de ter assinado um documento em nome do partido num comício que juntou movimentos da oposição, em Abidjan, em 09 de Agosto.
Guillaume Soro, actualmente no exílio, foi condenado em 2020 a 20 anos de prisão por "manipulação de fundos públicos" na Côte D´Ivoire e, um ano mais tarde, a prisão perpétua por "atentado à segurança do Estado", acusado de ter fomentado uma "insurreição civil e militar" destinada a derrubar o regime do Presidente Ouattara. GAR
