Nova Iorque -O Mecanismo Tripartido, que patrocina as consultas para resolver a crise política com o golpe de Estado em 25 de Outubro de 2021 no Sudão, anunciou hoje que vai retomar as negociações sem os militares.
A ONU, a União Africana e a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento da África Oriental (Igad, no acrónimo em inglês), que integram o mecanismo, fizera o anúncio numa carta enviada à principal aliança de partidos da oposição sudanesa, as Forças da Liberdade e Mudança, que inicialmente tinha rejeitado a concertação devido à presença dos militares.
Na passada segunda-feira, o líder militar e presidente do mais importante órgão executivo do Sudão, Abddelfatah al-Burhan, anunciou que as Forças Armadas não vão participar naquele fórum.
O Conselho Soberano, controlado exclusivamente pelos militares desde o golpe de Outubro passado, não intervirá no diálogo com os partidos políticos para lhes dar a oportunidade de formar um Governo civil, disse Al-Burhan, que preside ao conselho, num discurso transmitido pela televisão.
No entanto, as Forças da Liberdade e Mudança classificam o anúncio como sendo uma "farsa", uma vez que os militares continuam a monopolizar de facto o poder político e económico do país e defendem a "continuação da pressão popular".
Na carta enviada hoje, o Mecanismo Tripartido, salienta que "sem a participação do Exército, que é um componente essencial, não haverá diálogo civil-militar nas próximas reuniões e, portanto, continuar o diálogo da mesma forma que começou na reunião de 08 de junho não faria sentido".
Assim, o Mecanismo Tripartido salientou que "vai continuar a interagir com todas as componentes" exceto os militares "para avaliar as melhores formas de continuar o caminho (...) para chegar a uma solução política para a atual crise".