Trípoli - As Nações Unidas disponibilizaram 10 milhões de dólares (9,3 milhões de euros, ao câmbio actual) para servir de ajuda as vítimas das inundações na Líbia, anunciou hoje a organização.
A verba foi desbloqueada de imediato para salvar vidas e evitar uma crise sanitária que possa resultar do elevado número de corpos por enterrar, falta de água potável ou outros factores.
"Restabelecer rapidamente algum tipo de normalidade deve ter precedência sobre todas as outras preocupações neste momento difícil para a Líbia", afirmou o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.
As inundações, segundo dados actuais das autoridades líbias, provocaram mais de 6.870 mortos e 10 mil desaparecidos, mas um autarca local admitiu que o número de vítimas mortais poderá aumentar para 20 mil.
"Bairros inteiros foram varridos do mapa. Famílias inteiras, apanhadas de surpresa, foram arrastadas pelo dilúvio de água. Milhares de pessoas morreram, dezenas de milhares ficaram desalojadas e muitas mais estão ainda desaparecidas", afirmou Griffiths.
A ONU vai enviar uma equipa para a Líbia para ajudar na coordenação da resposta internacional, acrescentou, segundo a agência espanhola EFE.
As inundações, que atingiram o leste da Líbia e em particular a cidade de Derna, foram provocadas por um ciclone e o subsequente colapso de duas barragens.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha anunciou hoje que vai fornecer medicamentos, alimentos e sacos para cadáveres para apoiar a resposta à tragédia, que o chefe local da organização descreveu como "uma catástrofe violenta e brutal".
"Uma onda de sete metros de altura varreu edifícios e empurrou infra-estruturas para a água", disse Yann Fridez, segundo a agência espanhola Europa Press.
"Agora, há familiares desaparecidos, cadáveres que deram à costa e casas destruídas. A cidade [de Derna] está a enfrentar um imenso trauma emocional", acrescentou.
Também o director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, revelou hoje que a agência disponibilizou de imediato dois milhões de dólares (1,8 milhões de euros) para financiar as operações de socorro.
Tedros considerou que as inundações provocaram "uma calamidade de proporções épicas" na Líbia.
"O número de mortos continua a aumentar, enquanto as necessidades dos sobreviventes são cada vez mais urgentes", afirmou, citado pela EFE.
A Organização Meteorológica Mundial disse que a maior parte das vítimas mortais poderia ter sido evitada se a Líbia tivesse um serviço meteorológico funcional que emitisse avisos de riscos naturais.
O presidente do grupo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), o nigeriano Akinwumi Adesina, prometeu hoje que a instituição "fará tudo o que estiver ao seu alcance" para ajudar a Líbia, mas sem concretizar qualquer tipo de apoio.
Adesina considerou que a tragédia "sublinha a necessidade de uma reconstrução urgente para proteger vidas e garantir meios de subsistência" na Líbia.
O grupo BAD integra 54 países de África e 27 não africanos, incluindo Portugal.AM/DSC