Brasília - O novo comandante da Missão da ONU na República Democrática do Congo (Monusco), o brasileiro Ulisses de Mesquita Gomes, garantiu à Lusa que a protecção dos civis será prioritária e elogiou o papel de Angola na tentativa de "reduzir tensões".
Em entrevista à Lusa a uma semana de partir para a República Democrática do Congo (RDC), o tenente-general brasileiro assumiu que foi uma "honra" ser nomeado pelo secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, para chefiar aquela que é uma das maiores operações de manutenção da paz do mundo, com cerca de 14 mil "capacetes-azuis", especialmente neste momento crítico do país africano.
"Para mim foi uma satisfação, uma honra, representar o Exército brasileiro, as Forças Armadas, e levar a bandeira do Brasil à maior missão de paz do mundo da atualidades.
Vai ser uma missão difícil. Nós temos esse problema que estourou agora, que foi o ataque a Goma e a Sake, com os rebeldes do M23 a tomarem conta dessas cidades. Mas eu vejo (a nomeação) como um privilégio", reflectiu o militar brasileiro, assegurando que se sente "muito seguro para cumprir essa missão".
Desde 1998, o leste da RDC, país que foi uma colónia belga e que é vizinho de Angola, está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da Monusco no terreno.
Após décadas de instabilidade no país, a actividade armada do Movimento 23 de Março (M23) recomeçou em Novembro de 2021 com ataques relâmpagos contra as Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC) na província de Kivu Norte (nordeste).
Tendo em conta a situação de grande instabilidade no terreno, Ulisses de Mesquita Gomes irá focar-se na protecção dos civis, defendendo que a solução para o conflito deverá ser "política".
O novo comandante das forças da Monusco, que tem 35 anos de experiência em resposta a crises, gestão de conflitos e manutenção da paz, confirmou à ONU estar pronto para embarcar para a RDC em 08 de Fevereiro, data proposta pelas Nações Unidas. JM