Lilongue - O Programa Alimentar Mundial (PAM) alertou hoje para a possibilidade de nove milhões de pessoas no Malawi poderem enfrentar "fome aguda" até final do ano, com a destruição das colheitas devido ao fenómeno meteorológico El Niño, cita o site de notícias ao minuto.
A seca afectou gravemente a colheita de milho desta época, resultando num declínio previsto de 45% em relação à média dos últimos cinco anos, aumentando a insegurança alimentar, declarou o PAM em comunicado.
"Cerca de 40% da população poderá enfrentar fome aguda até ao final do ano devido à seca. Além disso, cerca de 14.000 pessoas foram deslocadas devido a inundações e deslizamentos de terras na parte norte do país", indicou.
Em 25 de Março, o Presidente do Maláwi declarou catástrofe nacional, referiu.
"O Plano Nacional de Resposta, lançado em Abril, estima as necessidades em 449 milhões de dólares cerca de 415 milhões de euros. Do mesmo modo, os países vizinhos Zâmbia e Zimbabwe declararam também emergências nacionais de seca", segundo a nota de imprensa.
Em visita às zonas atingidas pela seca no Maláwi, a coordenadora das Nações Unidas para a Crise Climática e para a Resposta ao El Niño/La Niña, Reena Ghelani, e os directores regionais do PAM e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Menghestab Haile e Patrice Talla, respectivamente, sublinharam a necessidade crucial de aumentar o apoio internacional ao Governo e ao povo do Maláwi.
"É triste ver o desespero dos agricultores por causa da seca, que não é culpa deles", disse Menghestab Haile, citado na mesma nota.
A situação pode agravar-se ainda mais, uma vez que as reservas alimentares já estão esgotadas, as taxas de inflação são elevadas e os preços do milho 40% mais altos do que no ano passado, sendo que os casos de subnutrição já estão a aumentar, segundo o PAM.
A conjuntura climática tem sido prejudicial para o Maláwi, onde "a escala, a frequência e o custo dos choques climáticos sublinham a necessidade de um maior apoio para reforçar a preparação para catástrofes e a adaptação às alterações climáticas", explicou Patrice Talla, citada pelo PAM.
O Governo do Maláwi pediu apoio para a estratégia nacional de irrigação, que visa 54.000 hectares de terra.
No entanto, estes esforços foram dificultados pela escassez de financiamento; apenas 40% dos fundos necessários para 2023 foram assegurados, contextualizou.
Este ano, a época das chuvas, que habitualmente vai desde Março a Maio e afecta todo o leste de África, foi intensificada pelo fenómeno meteorológico El Niño, uma alteração atmosférica causada pelo aumento das temperaturas da água do Oceano Índico. MOY/AM