N’Djamena - O Tchad, o terceiro país menos desenvolvido do mundo segundo as Nações Unidas, declarou-se oficialmente em "emergência alimentar" devido à "constante deterioração da situação nutricional" em consequência do conflito russo/ucraniano.
Um decreto assinado pelo chefe da junta militar no poder, Mahamat Idriss Déby Itno, menciona o "risco crescente que as populações correm se não for prestada assistência humanitária, incluindo ajuda alimentar (...)".
"O Governo apela a todos os actores nacionais e parceiros internacionais para que ajudem as populações", prossegue o decreto, divulgado quinta-feira em N'Djamena.
Em 2021, segundo as Nações Unidas, 5,5 milhões de tchadianos, mais de um terço da população deste país da África Central, precisavam de "assistência humanitária de emergência".
A situação agravou-se devido à guerra na Ucrânia, onde a Rússia impôs um bloqueio aos cereais ucranianos.
O conflito russo/ucraniano - que em conjunto representam 30% das exportações mundiais de trigo - levou a um aumento no preço dos cereais e óleos, cujos preços superaram os das primaveras árabes de 2011 e os distúrbios alimentares de 2008.
A ONU teme "um furacão de fome", principalmente nos países africanos que importaram mais da metade do seu trigo da Ucrânia ou da Rússia.
O conflito russo/ucraniano, iniciado em 24 de Fevereiro, além de devastar a Ucrânia, "também provoca uma crise global tridimensional, de alimentos, energia e finanças que sobrecarrega povos, países e economias mais vulneráveis", disse na quarta-feira o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
O temor de uma grande crise alimentar faz-se sentir particularmente em África onde, em muitos países, a população maioritariamente pobre é directamente afectada pela subida dos preços.
Na região do Corno de África a situação de fome é reforçada pelos efeitos de uma prolongada seca.