Guiné-Conackry - O ex-presidente da Guiné-Conakry, Moussa Dadis Camara, começou a ser julgado hoje em Conakry, devido ao massacre de 156 pessoas e a violação de 109 mulheres ocorridos a 28 de Setembro de 2009 num estádio futebol na capital do país.
No tribunal acabado de construir para o efeito, dezenas de vítimas esperaram pelo início do julgamento do que se passou em 2009, quando as autoridades da Guiné-Conacri reprimiram com violência uma manifestação pacífica de dezenas de milhares de pessoas que se juntaram num estádio local para mostrar o desagrado pela candidatura de Camara a um nova mandato, nas presidenciais de Janeiro de 2010.
"Estou a viver um sonho", disse o presidente da Associação de Vítimas, Pais e Amigos de 28 de Setembro de 2009, Asmaou Diallo, citado pela agência France-Presse. "Isto é um sonho em que sempre acreditámos", afirmou, referindo-se ao julgamento de 12 elementos das forças de segurança de Camara que mataram 156 pessoas e violaram 109 mulheres nos dias seguintes à manifestação.
Cerca de uma dúzia de acusados vão responder por diversos crimes, entre os quais homicídio, violência sexual, rapto, fogo posto e pilhagem.
O procurador do tribunal, Karim Khan, congratulou-se com o momento, afirmando, ainda assim, que "é apenas o início de um processo. O barco deixou a doca, mas temos de trabalhar em conjunto para assegurar que ele chegue ao seu destino".
Em 28 de Setembro de 2009, os Boinas Vermelhas da guarda presidencial, a polícia e milícias reprimiram de forma violenta uma manifestação com dezenas de milhares de pessoas concentradas num estádio nos arredores de Conakry, para protestar contra a candidatura de Camara a um novo mandato nas eleições de Janeiro do ano seguinte.
Os abusos, perpetrados com crueldade desenfreada e desumanidade, segundo as testemunhas que relataram a experiência a uma comissão de inquérito das Nações Unidas, continuaram durante vários dias contra mulheres raptadas e prisioneiras torturadas.