Abidjan - O ex-presidente ivoirense Laurent Gbagbo disse hoje estar "feliz" pelo regresso à Côte d’Ivoire, onde foi recebido quinta-feira, 17, por milhares de apoiantes, após ter sido absolvido por crimes contra a humanidade pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).
"Estou feliz por voltar à Côte d’Ivoire e a África após ter sido absolvido" de crimes contra a humanidade pela justiça internacional, sublinhou, citado pela agência AFP.
Segundo a AFP, as primeiras palavras de Laurent Gbagbo após ter aterrado foram para os dirigentes do seu partido, a Frente Popular Marfinense (FPI), depois de ter sido recebido por milhares de apoiantes.
"Fico com as lágrimas nos olhos ao pensar na minha falecida mãe", disse ainda, em referência à morte ocorrida enquanto estava detido em Haia.
Laurent Gbagbo disse igualmente que terá a oportunidade de fazer um discurso político "mais tarde".
A absolvição a 31 de Março, e a 'luz verde' do seu opositor, o presidente Alassane Quattara, em nome da "reconciliação nacional", tornou possível este regresso.
Pouco depois de descer do avião que viajou desde Bruxelas, Laurent Gbagbo entrou directamente num carro e seguiu em direcção à sua antiga sede de campanha, onde discursou para membros do partido.
A recusa de Laurent Gbagbo em aceitar a derrota nas eleições presidenciais de 2010 frente ao actual chefe de Estado, Alassane Ouattara, desencadeou meses de violência que mataram pelo menos três mil pessoas e levaram o país à beira da guerra civil.
Laurent Gbagbo foi detido na residência presidencial e passou mais de uma década fora do país, grande parte da qual à espera de julgamento em Haia por crimes de guerra e contra a humanidade.
O ex-presidente foi libertado há dois anos, mas tem vivido na Bélgica enquanto aguardava o resultado do recurso dos procuradores do TPI.
O Tribunal Penal Internacional confirmou a 31 de Março a absolvição, pronunciada em 2019, de Laurent Gbagbo, considerando-o definitivamente inocente de crimes contra a humanidade e abrindo caminho para o seu regresso à Côte d’Ivoire.
Em nome da "reconciliação nacional", as autoridades concederam a Laurent Gbagbo dois passaportes, um comum e um diplomático, no final de 2020.