Adis Abeba - O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, reiterou hoje às autoridades etíopes a "grave preocupação" dos Estados Unidos com a "deterioração da crise humanitária e dos direitos humanos" naquele país africano.
O chefe da diplomacia dos EUA "falou hoje com o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, para reiterar a grave preocupação dos Estados Unidos com a deterioração da crise humanitária e dos direitos humanos no país, incluindo o risco crescente de fome na região de Tigray, na Etiópia, bem como a constante insegurança noutras partes do país", afirmou, numa declaração, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price.
Blinken pediu que os compromissos da Etiópia e da Eritreia de retirar as tropas eritreias de Tigray "sejam implementados imediatamente, na íntegra, e de forma verificável".
Por outro lado, o governante norte-americano considerou que as forças eritreias e as forças regionais de Amhara no Tigray "estão a contribuir para o crescente desastre humanitário e a cometer violações dos direitos humanos".
Anthony Blinken "salientou igualmente a necessidade de todas as partes em conflito porem imediatamente termo às hostilidades", indicou o mesmo representante do Departamento de Estado, equivalente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Além disso, "saudou a comissão conjunta etíope dos Direitos Humanos e o Gabinete do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos em Tigray para documentar as violações dos direitos humanos e salientou a necessidade de justiça e de medidas de responsabilização para responsabilizar os responsáveis", referiu ainda.
Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de Novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), o partido eleito e no poder neste estado no norte da Etiópia.
O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória em 28 de novembro, com a captura da capital regional, Mekele.
No entanto, os combates continuaram e as forças eritreias são acusadas de conduzirem vários massacres e crimes sexuais.
O conflito já deslocou quase um milhão de pessoas. As autoridades locais estimam que cerca de 950 mil pessoas fugiram dos combates e perseguições, principalmente do Tigray ocidental, mas também das regiões noroeste e central da região.